segunda-feira, junho 26, 2006

Ex-dirigente do MLST ocupa cargo de R$ 4.998 no governo Gazeta Mercantil


26/6/2006

Ex-integrante da direção nacional do Movimento de Libertação dos Sem
Terra (MLST), dileta amiga e parceira de Bruno Maranhão – principal
articulador da recente invasão e depredação da Câmara – a servidora
Micilvânia Pereira de Araújo está lotada, desde abril de 2005, na
ante-sala do ministro do Desenvolvimento Agrário.

No dia 8 daquele mês, Micilvânia foi nomeada, a pedido de Maranhão,
para ocupar cargo comissionado DAS 4, cujo salário é de R$ 4.998,00,
na Secretaria Executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário
(MDA) – na ocasião sob a batuta do ministro Miguel Rosseto. De acordo
com o Sistema Integrado da Administração de Recursos Humanos (SIAPE),
está registrada sob a matrícula 1494810.

Embora permaneça lotada na Secretaria Executiva do Ministério até
hoje, a servidora foi transferida, 12 dias depois da nomeação, para a
Delegacia do MDA em Pernambuco, berço do MLST e Estado onde Bruno
Maranhão mantém domicílio. Mas nem a superintendente do Incra em
Pernambuco, Maria de Oliveira, sabe dizer quais são as atribuições de
Micilvânia na autarquia. Procurada pela reportagem deste jornal, a
superintendente se esquivou e transferiu a responsabilidade para o
delegado do MDA no Estado, João Farias.

"Ela exerce atribuições específicas, mas você tem que perguntar ao
delegado do MDA", disse a superintende Maria de Oliveira. Como a
minha relação com o delegado é distanciada, não gostaria de me
pronunciar nesse sentido, por que eu poderia estar dando uma
informação incorreta.

Maria de Oliveira disse ainda ter conhecimento da participação de
Micilvânia no MLST. "Ela já teve algum envolvimento com esse
movimento, sim, mas não consigo dar detalhes sobre isso em função
desse distanciamento".

A função comissionada na Secretaria Executiva não é o primeiro cargo
da ex-integrante da direção nacional do MLST no Ministério.
Micilvânia trabalhou ainda no projeto Dom Helder, vinculado à
Secretaria de Desenvolvimento Territorial do MDA, e que recebe apoio
do Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (FIDA).

Segundo funcionários do Incra em Pernambuco, a servidora foi a pivô
de uma briga entre Maranhão e Renato Carvalho, ex-integrante do MLST
e marido de Micilvânia à época. Atualmente Carvalho é coordenador do
Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), uma dissidência do grupo
de Maranhão.

De acordo com funcionários do MDA que pediram para não serem
identificados, embora não tenha participado da invasão à Câmara,
Micilvânia esteve ao lado de Maranhão minutos antes de ele ser preso
pela Polícia Legislativa.

Indagada se Micilvânia teria sido nomeada por pressão de Bruno
Maranhão, a assessoria de imprensa do MDA respondeu, através de e-
mail, que "toda nomeação de funcionário decorre do atendimento de
requisitos técnicos e profissionais adequados às necessidades de
serviço". Sobre o envolvimento da servidora com o MLST, está na nota
que "o fato de algum funcionário ter atuado, anteriormente, em
movimentos sociais, sindicatos, organizações não-governamentais
enriquece a capacidade de formulação e implementação das políticas
públicas sob responsabilidade do MDA".

kicker: A ex-integrante da direção nacional do MLST já ocupou outras
funções no governo, inclusive no projeto Dom Helder