sexta-feira, junho 23, 2006

Eliane Cantanhede - De pernas para o ar Folha de S. Paulo

23/6/2006

Tanto se falou no Plano de Contingência para o caso de a Varig
quebrar que parecia uma coisa realmente séria. Há dúvidas, porém.
Especialmente quando julho chegar -e julho está bem aí à porta, com
férias no Brasil, nos EUA e na Europa. Sem contar o fim da Copa do
Mundo. Pelo tal plano, as embaixadas e consulados estariam aptos a
providenciar conforto, vôos, contatos e, eventualmente, até mesmo
hospedagem para os passageiros na mão. Conversando com os
responsáveis operacionais, o que se descobre é que tudo não passa
ainda de intenções. E, lendo o relato do repórter Vinícius Queiroz
Galvão na Folha de ontem, sobre as famílias brasileiras e paraguaias
jogadas no aeroporto de Nova York, deu para ter uma idéia do que
ainda pode vir por aí. Tudo o que o consulado faz é mandar procurar a
própria Varig. Pergunta-se: que Varig? A agonia da companhia continua
dolorosamente, com mais um lance rocambolesco e que divide opiniões:
o da Volo, que é, na verdade, do fundo americano Matlin Patterson e
quer uma barganha -o direito de efetuar definitivamente a aquisição
da VarigLog (transporte de carga) para então se habilitar a comprar a
Varig Operacional. E o tal consórcio dos funcionários, o TGV? O gato
comeu. Como comeu sucessivamente propostas como as da TAP, do Tanure,
da Ocean Air, da dona Maria e do padeiro da esquina. Na última hora,
só se apresentou para o leilão justamente o grupo de funcionários.
Agora, a proposta da Volo volta a mobilizar politicamente governo,
agência de aviação e até Justiça, mas, acreditar mesmo, no duro, já é
outra história. O que todo mundo acredita é que não há mais jeito. E
o mais importante é cuidar dos usuários e recolher o maior número de
funcionários à deriva, ou soltos no ar.