FOLHA
BRASÍLIA - Um Lulinha paz e amor, propositivo e cheio de comparações com o governo FHC. Geraldo Alckmin armado para guerra, com ares de gerente e mirando o ponto frágil de Lula: a bandeira da ética em frangalhos.
Taí um resumo do que os petistas esperam na campanha presidencial. Desse pacote, dizem temer apenas o uso do mensalão.
Eles adorariam uma amnésia total dos escândalos protagonizados por seus pares. Diante da impossibilidade, traçam como estratégia de defesa tachar os tucanos de adeptos do jogo sujo.
O Palácio do Planalto aposta que, se as chafurdices de alguns petistas não grudaram até hoje na imagem de Lula, não será na campanha que isso se materializará.
Os lulistas confiam ainda que a paz jamais reinará no ninho tucano, contribuindo para uma campanha dividida. E, mais importante para Lula, a economia estará a todo vapor durante a eleição.
Essa análise rósea, do tipo falta-combinar-com-o-inimigo, foi feita pelo governo nos últimos dias. Alguns ministros já cantam vitória.
Entre os tucanos, ninguém se diz derrotado. O mantra é reação em junho. Mas esperança e confiança mesmo só entre os alckmistas. Outras alas do partido estão pessimistas e já pensam em 2010.
Aí vem a segunda parte do sonho petista de poder. Aécio Neves e José Serra são futuros oponentes. Emissários de Lula não se cansam de repetir ao mineiro que Serra não o deixará sair candidato a presidente pelo PSDB.
Seu destino deveria ser PTB ou PMDB, legendas que o lançariam candidato em 2010. De quebra, ele ajudaria a compor uma base confiável no Congresso para Lula.
Estaria afastado o maior temor do petista. Ganhar e não ter base aliada para governar. Já Alckmin teria mais facilidade para isso. Seria seu grande trunfo.