quinta-feira, abril 27, 2006

Jânio de Freitas - A seleção





Folha de S. Paulo
27/4/2006

O pretendente à Presidência Anthony Garotinho complicou-se. "O Globo" encontrou doações que se destinariam à sua campanha feitas, com intermediação do PMDB, por empresas suspeitas de registro e composição societária montados para fins nada empresariais. Não está seguramente claro se a responsabilidade das operações recai no pré-candidato, no PMDB fluminense ou em um terceiro. Garotinho avisou que devolverá as doações -o que não isenta ninguém e, mais ainda, vale como reconhecimento seu das ilegalidades denunciadas.
O pretendente à Presidência Geraldo Alckmin recebe, por unanimidade do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, uma decisão que devasta suas pretensas justificativas para os usos, em seu governo, de dezenas de milhões da "Nossa Caixa" sem licitação e em "afronta à legalidade e à mo- ralidade".
E com destinação política de verbas a pretexto de publi- cidade.
O pretendente a continuar na Presidência não merece que se fale das tantas coisas de que nunca soube -a máquina arrecadadora Valério/Delúbio, mensalão, caixa dois, a turma de Palocci, a casa da mãe Joana, os desvios dos cofres de estatais, o sigilo violado, e assim segue o seu desconhecimento.
E eis aí a seleção política e ética que a atualidade do país oferece como as principais opções para conduzi-lo e aos seus 180 milhões de pessoas.

O mentor
Aqui apareceu, certa vez, a observação de que o Congresso devia fazer a CPI da CPI do Banestado, aquela que parecia não acabar, coletou montanhas de documentos com grandes revelações -e extinguiu-se sem ao menos um relatório. Seu relator foi o deputado José Mentor, agora acusado de receber suborno de R$ 300 mil para não citar certo doleiro no que seria, mas não foi, o relatório da CPI.
Não é a primeira acusação que atinge a CPI do Banestado e seu denominado relator. Por sinal, o mesmo Mentor bem agraciado pelo "valerioduto" e, semana passada, premiado pelo plenário da Câmara com a absolvição. Há, porém, muitos outros responsáveis pelo comprometimento moral do Congresso com o ocorrido na CPI do Banestado. São muitos os senadores e os deputados que têm informação do que ali se passou e do que impediu até o relatório. Mas jamais houve quem tomasse uma iniciativa, por mínima que fosse, contra o silêncio indecente da CPI. Todos contidos por um só motivo: o papelório da CPI do Banestado envolve muita gente com altas remessas de dinheiro para o exterior e com lavagem de somas enormes.

Outra vez
O PT reúne 1.200 pessoas a partir de amanhã, e até domingo, para uma finalidade original: discutir o programa de governo para a sua desejada reeleição de Lula. Mas Lula tem tanto a ver com programas do PT quanto Fernando Henrique.