FOLHA
BRASÍLIA - Há exemplos históricos em penca de políticos que quebraram a promessa saindo do cargo para disputar uma eleição.
Pimenta da Veiga (PSDB) largou a Prefeitura de Belo Horizonte para tentar o governo mineiro. Perdeu e desceu a ladeira. Tarso Genro (PT) ficou sem Porto Alegre e sem o governo gaúcho. O petista Palocci deixou Ribeirão Preto para ser ministro de Lula. Não disputou eleição, mas sucumbiu por causa do caseiro Nildo.
José Serra abandonou ontem o cargo de prefeito de São Paulo, maior cidade do país. No caso do tucano, há um vídeo constrangedor em que ele aparece, com som e imagem, assinando um compromisso de não renunciar ao mandato.
Ontem, a cena estava na internet, na primeira página do UOL, para quem desejasse rever. É aflitivo assistir a um político assumir algo de maneira tão escancarada mesmo sabendo que não poderá cumprir. Claro, porque Serra assinou consciente da impossibilidade de prever seu futuro.
Os petistas estão eufóricos. Acham que essas cenas serão suficientes nos próximos dias e semanas para equilibrar um pouco o jogo. Serra tem de 50% a 58% dos votos, dependendo dos adversários. Ganharia no primeiro turno se a eleição fosse hoje, segundo pesquisa Datafolha.
Esse é o ponto: a eleição é apenas em 1º de outubro. Serristas entendem que o PT não pode passar a campanha inteira dizendo que o tucano será um mal governador porque deixou a prefeitura. Acreditam que essa estratégia sofrerá de "fadiga de material" em um ou dois meses.
É impossível prever o efeito exato. O estrago inicial será medido em breve. Até o final de abril, saberemos todos o potencial do rombo no casco tucano.
A única coisa que não se sabe é como Lula vai se virar sem equipe política profissional ao seu lado quando mais escândalos pipocarem. Se um décimo dos boatos virar realidade, será o caos para o PT.
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