sexta-feira, janeiro 27, 2006

Lucia Hippolito na CBN:Conselho de Ética faz sua parte

 

"Com o país todo prestando atenção ao depoimento do ministro Palocci na CPI dos Bingos, muita gente pode não se ter dado conta de outros dois momentos muito importantes vividos ontem pelo Congresso Nacional, mais especificamente o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.


 No primeiro, o Conselho aprovou, por oito votos a sete, o relatório que pede a cassação do mandato do deputado Roberto Brant, do PFL de Minas Gerais.


Passaram-se ali cenas do mais puro cinismo político. O PSDB fez de tudo para salvar o mandato de Roberto Brant, até mesmo substituiu o deputado Gustavo Fruet, que era contra a absolvição, pelo deputado Jutahy Júnior, que fez o trabalho feio de votar a favor da absolvição.


Mas o mais importante mesmo foi o pronunciamento do presidente do Conselho, deputado Ricardo Izar, que deu o voto de Minerva, desempatando a partida e votando com o relator. O deputado já tinha declarado que, em caso de empate, votaria com o relator. Mas ao fazê-lo publicamente, Izar adquiriu grande autoridade moral.


Vai ficar complicado, para dizer o mínimo, desautorizar um voto de Minerva no plenário da Câmara.


O segundo momento importante do Conselho de Ética foi a aprovação, por nove votos a cinco, do voto do relator, que pede a cassação do mandato do Professor Luizinho, do PT de São Paulo. Apesar das tentativas do PFL e do PSDB para salvar o deputado petista, o Conselho votou por sua cassação.

E por que foi uma votação importante? Porque até agora as investigações só encontraram um saque de 20 mil reais feito por um assessor do Professor Luizinho nas contas de Marcos Valério.


A decisão do Conselho de Ética foi importante para dar um sinal claro à sociedade de que corrupção não pode ser quantificada. Não existe um pouquinho de corrupção, como não existe um pouquinho de gravidez. Existe corrupção, ou não existe.


No caso do deputado do PT, é indiferente saber se ele recebeu 20 mil ou 20 milhões das contas de Marcos Valério. O que importa é que o Professor Luizinho cometeu um crime. Na justiça comum, pode ser que viesse a receber uma pena menor que um deputado que recebeu 102 mil, como Roberto Brant.


Mas ambos quebraram o decoro parlamentar, e isto é razão para terem o mandato cassado.


Agora é preciso esperar para ver se o plenário da Câmara vai acompanhar estas importantes decisões do Conselho de Ética ou vai repetir o papelão que fez na vergonhosa absolvição do deputado Romeu Queirós."

Enviada por: Ricardo Noblat