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BRASÍLIA - O candidato Lula de 2002 era um mito cheio de promessas: as de mudança (para a classe média e os pobres) e as de bom comportamento (para o mercado e as elites). A soma foi imbatível. Ele ganhou bonito, do início ao fim.
Já o candidato Lula de 2006 não tem nada de mito, nem de promessas. Ele tem o discurso popular, uma natural exposição na mídia e números para mostrar, sempre com uma de duas frases, ou com as duas juntas: "Nunca ninguém fez isso neste país" e "meu governo ganha em todas as áreas do governo FHC".
O salário mínimo aumentou, o desemprego caiu, a renda subiu, a balança comercial bate recordes, o governo está tapando buracos, o Bolsa-Família é um sucesso internacional, o preço do arroz e do cimento é uma festa para as classes "C" e "D". Elas não ganham eleições, mas ajudam a formar o discurso -o do "homem humilde, igual a você, que chegou ao poder" e o do "presidente que mais fez pelos pobres". As elites e os intelectuais adoram.
Poucas vezes, de meados de 2005 para cá, se viu Lula tão saltitante, tão seguro e tão animado. Ele sempre se sentiu virtualmente reeleito, mesmo quando diziam que avaliava se seria ou não candidato. A diferença é que se sentia "virtualmente reeleito". Agora, já se sente reeleito de fato.
Pefelistas e tucanos dão de ombro, na suposição de que, "quando a campanha começar", vai ser um passeio. Basta ir para à TV e bombardear Lula com CPIs, Waldomiros, Santo Andrés, cuecas e Land Rovers. Pronto!, Lula estará no chão. Não é tão simples. Esse filme já cansou, e os números de FHC realmente não animam. Quanto ao crescimento pífio? Que os tucanos atirem a primeira pedra...
Um dos erros básicos do PSDB e do PFL é imaginar que a campanha não começou. A deles, pode ser que não. A de Lula está indo de vento em popa, a ponto de ele apostar que, em abril, já terá, em caixa, índices suficientes para comprar o PMDB. Vai ser a primeira derrota tucana em 2006.
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