quarta-feira, novembro 30, 2005

Lucia Hippolito As trapalhadas do Conselho de Ética


BLOG NOBLAT

 

" Tais e tantas têm sido as trapalhadas cometidas pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados no caso do processo contra o deputado José Dirceu, que já tem gente desconfiando da isenção do presidente do Conselho, deputado Ricardo Izar.

 

Ainda mais depois que o ilustre parlamentar retirou sua assinatura do requerimento que pedia a prorrogação dos trabalhos da CPMI dos Correios.

 

Mas o presidente do Conselho não está sozinho nas trapalhadas. O relator, deputado Júlio Delgado, também é responsável pela confusão. Aliás, o relator foi outro que retirou sua assinatura daquele requerimento.

 

Assim, fica difícil até para quem tem por ofício o dever de ser objetivo e imparcial não começar a desconfiar de alguma coisa. Pelo menos de um ataque de incompetência compartilhado pelos dois nobres deputados.

 

Agora, tudo depende novamente de um único voto do Supremo Tribunal Federal. Na Câmara, está tudo pronto para a sessão que vai votar o pedido de cassação de José Dirceu. Mas nunca se sabe.

 

Como se dizia antigamente no interior, de barriga de mulher e cabeça de juiz, nunca se sabe o que vai sair. Depois invenção da ultrassonografia, sobrou mesmo a cabeça de juiz.

 

Ontem, em Brasília, ninguém era capaz de apostar em que direção iria desembocar o voto do ministro Sepúlveda Pertence, o único membro do STF que ainda não votou.

 

José Dirceu, por sua vez, é vítima de sua própria biografia, cuidadosamente construída por ele mesmo ao longo dos anos.

Um dos muitos líderes estudantis da década de 60, Dirceu foi se transformando em personagem de romance, em herói de aventuras nunca muito bem explicadas.

 

No PT, foi conquistando o aparelho partidário, até dominá-lo por completo. Centralizador, autoritário, truculento, raramente um papel circulava no partido sem sua autorização.

 

Transferiu para o governo Lula a imagem do Super Dirceu: aquele que sabia tudo a respeito de todos, o tempo todo.

 

Por isso, não é crível que não soubesse das andanças de Delúbio Soares. Não é crível que não soubesse do carrão que Silvio Pereira ganhou de uma empresa que faz negócios com a Petrobrás, não é crível que não soubesse que seu assessor Waldomiro Diniz estava achacando um empresário de loterias.

 

Se José Dirceu for cassado, não será por seu passado, mas pelo que fez no presente ou até mesmo pela persona que ele mesmo construiu para si próprio."