AGRESSÃO À MULHER
A violência contra as mulheres é um dos reflexos mais sombrios e brutais da cultura patriarcal e do machismo que ainda prevalecem em muitas sociedades, entre as quais a brasileira. Pesquisa há pouco divulgada pela Organização Mundial da Saúde, agência vinculada à ONU, aponta que 27% das mulheres residentes na cidade de São Paulo e 34% das que vivem na Zona da Mata de Pernambuco já foram vítimas de violência doméstica.
No Brasil, 1.172 mulheres foram ouvidas por universidades e ONGs, a pedido da OMS, que traçou um painel dessas modalidade de violência em dez países. Na cidade peruana de Cuzco, registrou-se o maior índice de mulheres que declararam ter sido agredidas, enquanto o Japão apresentou o menor percentual -13%.
Entre as que se disseram vítimas de violências físicas, 40% das paulistanas e 37% das pernambucanas afirmaram ter sofrido ferimentos e uma em três foi hospitalizada em conseqüência das agressões. Em São Paulo, 25% das entrevistadas afirmaram ter sofrido violência física ou sexual desde os 15 anos e 12% relataram abuso sexual por parte de algum parente antes dessa idade.
Não é improvável que os dados guardem alguma disparidade com a realidade, uma vez que nem sempre mulheres se dispõem a relatar as agressões de que são vítimas, no que constitui mais um traço perverso da opressão. Trata-se, ainda assim, de um quadro macabro, que precisa ser enfrentado com mais determinação pelas diversas esferas do poder público e por instâncias da sociedade que possam contribuir para a redução dessas ocorrências.
Apesar de iniciativas elogiáveis, como a criação de delegacias especializadas no atendimento à mulher, ainda há muito por fazer. É preciso levar esse tipo de instituição às diversas regiões do país e sobretudo investir no combate à ignorância e na mudança de valores, algo que pressupõe ações nas escolas e em outros meios de interação com a sociedade.