quinta-feira, setembro 01, 2005

Lucia Hippolito :Contagem regressiva

BLOG NOBLAT

 

" A partir de hoje inicia-se a contagem regressiva para as eleições de 2006. Qualquer pessoa que deseje entrar em um partido político para concorrer às eleições do ano que vem tem exatos 30 dias para fazê-lo.

 

Isto porque a lei eleitoral determina que qualquer cidadão que desejar ser candidato às eleições deve estar filiado a um partido político um ano antes.

 

Aí começa a encrenca. Seja de direita, de esquerda ou de centro, o cidadão que quiser concorrer tem um grande problema nas mãos. Como escolher um partido que não esteja relacionado, de uma maneira ou de outra, ao mensalão? Com exceção de uns quatro ou cinco pequenos partidos, os demais estão envolvidos.

 

Como explicar ao eleitorado que o cidadão acabou de chegar, que não sabia da existência do mensalão? Hoje em dia, com exceção do deputado José Dirceu, que jura não saber de nada, do presidente Lula que escolheu não saber, e do deputado Severino Cavalcanti que prefere não saber, sabe-se lá por quê, o país inteiro acredita na existência do mensalão.

 

Mesmo para aqueles já eleitos, e que legitimamente querem ser reeleitos, existe o dilema entre permanecer no partido de origem ou procurar um outro pouso? Quem pode garantir que não haverá mais novidades até o prazo fatal de 30 de setembro?

 

Imaginem o que poderá acontecer com um parlamentar que decida pagar para ver e permaneça em seu partido. Se depois da data fatal de 30 de setembro aparecer uma malfeitoria envolvendo seu partido, como fica esse parlamentar? Com que cara vai se apresentar diante do eleitorado?

 

A partir de hoje, os políticos vão dar todos os seus passos com um olho na CPI e outro no calendário. O prazo vai se esgotando, as investigações ainda não chegaram ao fim, vários deputados podem ter o mandato cassado e, não querendo afundar sozinhos, podem dar o abraço do afogado em seus companheiros, tentando arrastar tudo e todos para o fundo.

 

Portanto o futuro político-eleitoral de cada um vai depender do grau de envolvimento de seu partido e do forte instinto de sobrevivência que, em geral, todos os políticos têm."