FOLHA DE S PAULO
BRASÍLIA - O Brasil rodou, rodou e voltou à República das Alagoas.
Você pode pensar nos tempos áureos da Proclamação: os dois primeiros presidentes foram alagoanos -Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Se preferir, pode pensar no governo meteórico de Fernando Collor e sua entourage, despachados de volta a Alagoas por um processo de impeachment. Seria uma comparação injusta.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), é alagoano, como três dos candidatos à presidência da Câmara: João Caldas (PL) e os finalistas, José Thomaz Nonô (PFL), que continua com a vice-presidência, e Aldo Rebelo (PC do B), deputado por São Paulo, que venceu a eleição.
Para completar, a senadora Heloisa Helena ostentou ontem as novas adesões do PT ao seu estreante PSol. Alagoana arretada, ela se prepara para a campanha presidencial de 2006.
Alagoas, portanto, está com tudo e está prosa. Depois, a vida de Aldo Rebelo não vai ficar assim tão fácil. Ele foi ministro da Coordenação Política e se lascou todo. Na sua gestão, só se falava na sua guerra com José Dirceu, então poderoso chefe da Casa Civil, enquanto o governo perdia todas no Congresso. A mais retumbante, aliás, foi para Severino Cavalcanti. Mas isso é coisa do passado.
A partir de agora, passa a farra dos votos, vêm as pressões da oposição, as cobranças dos aliados e dos neoaliados e... os processos de cassação.
Severino, que é Severino, não resistiu à força da cobrança e tocou os processos adiante. Tudo está cada vez mais possível, mas mesmo assim é inimaginável o comunista Aldo trancando as cassações, fazendo corpo mole, garantindo a impunidade.
Vai ficar ruim para a biografia dele e pior ainda para o governo que ele representa e que patrocinou sua candidatura. Bem. Ganhar tem dessas coisas. A campanha tem adrenalina, depois vem a festa da vitória e no final jorram problemas. Lula, aliás, é o melhor exemplo disso.