A revista disse a verdade, nada mais
do que a verdade, quando tratou do
tráfico de influência de amigos de
José Dirceu na Petrobras
Felipe Patury
Clique no documento para ampliá-lo |
O informe publicitário pago pela Petrobras para defender interesses eminentemente privados |
VEJA relatou, na semana passada, episódios que mostram a influência exercida pelo ex-secretário do PT Silvio Pereira e pelo lobista Fernando Moura na Petrobras. A dupla, que defendeu interesses de empresas privadas junto à estatal, dizia representar o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. A Petrobras reagiu dizendo que VEJA mentia, num informe publicitário estampado nos principais jornais do país. VEJA não mente. A empresa deveria ter explicado por que permitiu a interferência dos lobistas, que apadrinharam o diretor de serviços, Renato Duque. Mas preferiu fugir à questão. Distorceu fatos e prestou informações falsas. Não é só. Seu informe protege os beneficiados por Silvinho e Moura. Tanto que a GDK, uma das empresas citadas, se disse defendida pela estatal numa carta enviada a VEJA. É de perguntar por que a Petrobras gasta dinheiro público para socorrer interesses eminentemente privados.
1 VEJA afirmou que a GDK ganhou a concorrência para a reforma da plataforma P-34, apesar de ter cometido erros formais em sua proposta, de não constar do cadastro de serviços de plataformas da Petrobras e de não ter atestado ambiental. Questionada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), a Petrobras admitiu que a planilha de preços da GDK estava errada, o que, em geral, é punido com a desclassificação. Também confirmou que a GDK nunca reformou uma plataforma. Em sua defesa, alegou que a obra na P-34 era apenas uma "adaptação". A verdade é outra. A P-34 adernou e passa por uma ampla reforma para operar em outro campo de petróleo. A GDK, além disso, só conseguiu o atestado ambiental depois que ganhou a licitação, o que é absolutamente anormal. Se o atestado tivesse sido recusado, a concorrência teria de ser anulada. A estatal diz que economizou 10 milhões de dólares com a proposta da GDK. Mentira. A Petrobras considera dar um aditamento de 7,2 milhões de dólares ao contrato da GDK e a obra ainda não acabou. Tem mais. Na última semana, a prefeitura de Vitória, onde está sendo reformada a plataforma, deu um ultimato à GDK. Ou paga até 4,5 milhões de dólares em impostos, ou adeus, reforma. O aditamento e os impostos chegam a 11,7 milhões de dólares, mais do que a alegada economia. Detalhe: a GDK pagou a campanha para governador do ministro da Coordenação Política, Jaques Wagner, e emprega sua filha, Mônica.
2 VEJA afirmou que a construção das plataformas P-51 e P-52, estimada em 1,6 bilhão de dólares, foi entregue à Fels Setal. No caso da P-51, sem licitação. A nota da Petrobras confirma isso. Mas esquece providencialmente de mencionar que a Setal, uma das donas da empreiteira, tinha pedidos de falência na praça quando ganhou as obras. VEJA cometeu um erro, sim, na reportagem publicada na semana passada. Foi o estaleiro Marítima, e não o Mauá Jurong, do mesmo dono, que fez uma proposta 300 milhões de dólares mais barata para a construção das plataformas – proposta que a Petrobras desclassificou.
3 A Petrobras afirma que é fantasiosa a influência de Silvinho e Fernando Moura. Tão fantasiosa quanto o Land Rover que o primeiro ganhou da GDK, pelos relevantes serviços prestados à empresa dentro da Petrobras. VEJA perguntou à Petrobras o que Silvinho, afinal de contas, teria feito para merecer tal mimo. A assessoria da estatal sugeriu que a GDK poderia ter outros negócios com o governo federal. A própria GDK informa que não tem.
A Petrobras não precisa gastar mais 600.000 reais do dinheiro dos acionistas e contribuintes com informes publicitários desse naipe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.