Folha de S Paulo
BRASÍLIA - Ontem, no meio do dia, já eram 12 os deputados federais relacionados a saques nas empresas de Marcos Valério, o principal acusado de ser o provedor do "mensalão". O número é grande. Tende a crescer.
Os documentos que a CPI e a Polícia Federal passam a analisar a partir de hoje jogarão para o céu o número de congressistas citados no esquema do "mensalão".
Como comparação, a investigação mais profunda até hoje envolvendo congressistas foi a CPI do Orçamento, realizada em 1993-94. Nessa época, houve a degola de seis deputados. Outros quatro renunciaram ao mandato. Total de baixas: dez.
Na CPI dos Correios, se a corrupção for punida sem exceção, o número de cassados estabelecerá um novo recorde. O problema é o cenário de criminalidade endêmica funcionar como um anteparo para a limpeza. Quando todos são acusados, dificilmente todos serão condenados.
A Câmara tem 513 deputados. Para cassar um deles é necessário metade mais um dos votos (257). A explosão da lista de envolvidos deve levar a algum conchavo nos bastidores. Só parte das cabeças serão cortadas. Está para nascer o congressista capaz de votar contra si próprio. É da natureza humana. Darwin explica.
O placar final de cassados será diretamente proporcional à pressão externa da sociedade. Quanto mais a população repelir os envolvidos, mais chance haverá de um número maior de deputados acabar punido.
Da mesma forma, se os condutores do processo se sentirem à vontade para oferecer apenas alguns nomes premiados, assim será. O pior desfecho possível é vingar a tese de que foi tudo dinheiro não-contabilizado de campanha eleitoral. Todos se salvariam. O Congresso não cometerá esse suicídio, sob pena de colocar todo o sistema democrático em risco.
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