o globo
Depois de se cercar das chamadas más companhias, que causaram tantos estragos ao seu governo, o presidente Lula bem que poderia tirar algum proveito da amarga experiência que está vivendo e escolher agora quem lhe desse bons conselhos, se é que ainda há tempo para isso. Tenho duas sugestões: os senadores Jefferson Peres, do PDT, e Pedro Simon, do PMDB. Eles são o que a política tem de melhor, desmentindo a generalização de que no Congresso "é tudo a mesma coisa".
O primeiro falou ao GLOBO no domingo e o segundo, ao "Jornal do Brasil", na segunda-feira, sobre a atual crise. Francos e independentes, não se pode acusá-los de má vontade ou má-fé, muito menos de querer ver o circo pegar fogo. Por isso, e também porque não querem agradar nem tirar proveito, suas críticas têm valor de ensinamento. Ambos concordam em que Lula não sabe operar, não gosta de examinar problemas e é incapaz de decidir, não tendo feito nada para barrar o esquema de corrupção. "Ele gosta é de palco iluminado", disse Peres às repórteres Adriana Vasconcelos e Maria Lima. "O Lula é um baita cara, um brilhante político, mas não é um tocador de obras", afirmou Simon ao repórter Israel Tabak.
Segundo os dois, entre os erros cometidos pelo presidente está o de se omitir ou tentar impedir as CPIs, inclusive esta que acabou saindo. "O ministro da Fazenda abriu os cofres para tentar derrotar a comissão, mas não adiantou", informou Simon. "Ao manter o Dirceu e impedir a CPI do Waldomiro, Lula cometeu o maior erro do seu governo", acredita Peres.
E ainda há saída? Para o senador do PMDB, a partir de agora, ou Lula "faz a hora ou vai ver a hora passar". Ele aconselha o Planalto a reconhecer suas faltas, assumir posições claras e tomar providências como, por exemplo, levar o procurador Cláudio Fonteles para junto do presidente, como seu assessor especial no combate à corrupção. "Lula não pode esperar mais. Tem que demitir logo o presidente do Banco Central e o ministro da Previdência, que estão sendo processados."
Já o senador pelo PDT é pessimista não só em relação ao governo, que se tornou "refém do fisiologismo no Congresso", como em relação a este, que está "no pior dos mundos". Mas não perde a esperança e acredita que o país vai se salvar por si só: "A sociedade brasileira está amadurecendo em todos os aspectos e vai encontrar saída para isso. Talvez o povo dê aquilo de que nós estamos muito precisados: um choque de decência." Ou seja, aquele choque que Lula prometeu dar e, porque não deu, pode levar.
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