folha de s paulo
BRASÍLIA - Quando li ou vi as entrevistas de Roberto Jefferson à Folha, ao "Roda Viva" e ao "Jogo do Poder", da rede CNT, tive a forte sensação de que, apesar do passado, apesar da fama e apesar dos pesares, ele não estava mentindo. Tudo fazia sentido.
Um detalhe, sobretudo, chamou a atenção: quando lhe perguntaram sobre o empresário Henrique Brandão, seu amigo e financiador, Jefferson parou, refletiu e fez uma careta de quem iria falar uma verdade doída. E falou. Sim, o amigo tinha dado dinheiro para suas campanhas "por dentro e por fora". Foi como um teste para saber até onde diria a verdade.
Até aqui, tudo o que tem surgido nas investigações da CPI e da imprensa conferem credibilidade às denúncias do deputado petebista.
Primeiro, Jefferson provocou José Dirceu, conclamando o ministro a cair fora do Planalto. E Dirceu caiu.
Depois, Jefferson jogou na fogueira o publicitário Marcos Valério, até então desconhecido da imprensa e do público. E a secretária confirmou.
Simultaneamente, Jefferson falou que eram malas e milhões. E a Coaf (que controla atividades financeiras) comprovou os saques milionários.
Por fim, Jefferson falou da tal "salinha" próxima à do presidente. E agora é o próprio Valério quem admite que freqüentava o Planalto.
No escândalo que derrubou Collor, o principal algoz foi seu irmão, confirmado depois por uma secretária e um motorista. No que feriu Pitta de morte, as denúncias vieram da ex-mulher. Na compra de votos para a reeleição de FHC, os "aliados" botaram a boca no trombone.
Ou seja: não adianta desqualificar o denunciante pelo que ele é ou pelas motivações, por mais torpes, que o movem. O que importa é sua excelência, o fato. E são eles, os fatos, que se estão impondo e criando um caminho sem volta para a CPI e para a compreensão de todo o processo.
Triste? Tristíssimo. Perigoso? Perigosíssimo. Mas é assim, com dor, que se furam os tumores e se fazem pessoas e instituições saudáveis.
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