Da Agência Estado:
"O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, assumiu na prática o comando das ações do governo contra a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios no lugar dos chefes da Casa Civil, José Dirceu, e da Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais da Presidência da República, Aldo Rebelo. Palocci alojou-se numa sala do terceiro andar do Palácio do Planalto, à esquerda do gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e perto de onde despacha o porta-voz André Singer. É de lá que ele transmite instruções aos parlamentares aliados.
Na nova função, o ministro não desgruda de Lula. Segundo outro integrante do primeiro escalão, quando Palocci tem de ir ao prédio do Ministério da Fazenda, procura resolver, rapidamente, as tarefas para voltar logo ao Planalto. O esforço é para poupar Lula de pressões. Todos os telefonemas para o presidente são agora filtrados por Palocci - mesmo os de amigos, de antigos companheiros do PT ou de parlamentares.
A preocupação de Palocci com a CPI aumentou na semana passada, durante a viagem de Lula à Coréia do Sul e ao Japão. Um ministro conta que o titular da Fazenda integrava a comitiva e ficou impressionado com a tensão sobre o presidente, mesmo do outro lado do mundo. Palocci testemunhou uma reação irritada de Lula. "Não tenho nada com isso! Ninguém vai me pegar! Que façam a CPI!", disse o presidente. O ministro da Fazenda ponderou: "Não. Não podem fazer. Isso terá conseqüências gravíssimas na economia."
O temor de Palocci é que o agravamento da crise política forneça aos adversários da política econômica a oportunidade de forçar mudanças de rumo. No exercício da função informal de coordenador político, Palocci conta com um aliado: o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo. Os dois conhecem o Congresso e dão-se muito bem com os parlamentares. Além disso, têm a caneta que libera verbas para atender às emendas de deputados e senadores ao Orçamento da União.
Meninos - A bancada do PT, na avaliação de Palocci, não está preparada para enfrentar uma CPI. O ministro considera que boa parte dela padece de instabilidade emocional e seria suscetível à cobrança dos eleitores tradicionais do PT durante os trabalhos de investigação parlamentar.
Com isso, não dariam segurança ao governo. Esse grupo, apelidado de "meninos do PT", teria dificuldade de enfrentar de igual para igual os experientes parlamentares escalados pela oposição para a CPI."
BLOG Ricardo NOBlat
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