Os episódios recentes da ampliação da corrupção nas várias esferas do país, bem como as respostas oferecidas pelo governo, dia após dia, dão a dimensão e o tamanho da crise que se aproxima. Em certo sentido, ela se assemelha aos piores momentos do governo FHC quando, na oposição, o PT fazia de tudo para intensificar. Hoje, atolado no poder, engolfado pelas forças da ordem, prisioneiro como uma mosca em teia estranha, o governo Lula deixa o país estupefato, a cada palavra que externa.
Foi o que aconteceu faz poucos dias, quando, em meio a uma avalanche de denúncias, que atingiram em cheio uma das mais queridas instituições do país - os Correios - Lula, não se sabe (des)orientado por quem, soltou a máxima, que não estava nem um pouco preocupado, o que se poderia perceber em seu semblante!
Poucas vezes se viu, no país, tal descaso explícito com a coisa pública. Pouco meses atrás, o vimos aconselhando um ''companheiro'' a silenciar acerca da má administração de estatal sob o período FHC. E, ao silenciar, quase recebeu uma CPI.
Agora, quando seus aliados verdadeiros, aqueles que se apoderam da res pública desde sempre, são uma vez mais acusados de fraude e saque do estado e suas finanças, o presidente lhes empresta total solidariedade e confiança. Com gente, vale reiterar, que vem da pesada tropa do Collor. Alguém deve lhe alertar para os riscos que corre, ao falar o que lhe vem na telha...
A frase atribuída a Lula soa, então, como monumental caso de alienação política: vislumbrado com o poder palaciano, mirando-se como exemplo máximo do nosso self made man, Lula demonstra nenhuma preocupação, frente a tantos escândalos de corrupção pública. É assustador, para dizer o mínimo! Alienação política que caminha na razão inversa do desmonte social.
Sabemos que o país vive numa guerra civil despolitizada, sendo que o narcotráfico se embrenha em várias partes do poder de estado. A morte de inocentes, poucas semanas atrás, parece que já foi esquecida pela mídia. A economia estanca, sob juros celestiais, gerando um nível de informalidade que só mesmo quem perdeu a compostura pode dizer que tal flagelo permitirá que a promessa de campanha de Lula será cumprida.
Isso porque, estupefatos, vimos recentemente o Ministro do Trabalho afirmar que, se somarmos os empregos informais aos formais, a promessa de Lula será atingida. Quanto acinte: desde quando Lula prometeu ampliar a informalidade no Brasil? Desde quando sua campanha defendeu a ampliação milhões de empregados informais, desde quando alardeou em campanha que iria aumentar a precarização do trabalho no Brasil?
Convertido em partido da ordem, distante de sua origem, quando propugnava uma ação política autônoma e independente, respaldada na classe trabalhadora, o PT que restou, tomado pelo seu núcleo dominante, converteu-se num partido tipicamente eleitoral, que busca alianças em todos os lados, para conseguir se (re) eleger. Como disse recentemente ao JB (23/05/2005), transformou-se numa espécie de PMDB dos anos 2000, desvertebrado, em busca de alianças de todo tipo. O resultado não poderia ser outro: foi engolfado pelos aliados, vivenciando um caso típico de fagocitose, tragado que foi pelas forças da ordem.
Por isso, nos momentos de crise, como vemos no presente, o governo age como um biruta: não sabe para onde e nem em que direção deve ir. Se faz ou não reforma ministerial, se muda ou não a coordenação política do governo, se elege ou não a presidência da Câmara. Conseqüência, segue apanhando feio até mesmo do rústico Severino.
E o fim dessa história começa a ficar mais preocupante. Enquanto serviu fielmente às forças da ordem, o governo do PT viveu momentos de êxtase. Agora, que se aproxima o calendário eleitoral, tendo feito tudo que a ordem dele exigiu, é hora de escolher de novo quem vai comandar o país. É aí que o PT parece caminhar para o atoleiro.
JB
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