terça-feira, maio 24, 2005

JANIO DE FREITAS :Os guardas da corrupção

 A disputa entre os parlamentares favoráveis e os contrários à CPI está sugerindo a conclusão inquietante de que são todos protetores da corrupção. A lógica que esses parlamentares nos propõem, como se decididos a acabar com nossas ilusões finais, é simples e demonstrada.
Os parlamentares, petistas à frente, que hoje batalham contra o inquérito da corrupção denunciada são os mesmos que defenderam, no governo anterior, as CPIs para as denúncias de então. No outro campo, os parlamentares que hoje se empenham pela CPI são os mesmos que, no governo anterior, batalharam contra os inquéritos para as denúncias de então.
Em um lado e no outro estão centuriões dos acusados de corrupção, que em sua defesa contam com estes ou com aqueles segundo as circunstâncias.
Só os estreantes no Congresso, sem ter participado das batalhas durante o governo anterior, escapam à lógica pregada por seus colegas. Mas na vida política não há pressa.

Fartura
Os negócios dos Correios e, agora, as mensalidades para políticos que a "Veja" atribui ao Instituto de Resseguros do Brasil causam, por si sós, o alvoroço que se vê no governo e na maior parte dos parlamentares petistas. O mais provável, porém, é que esse alvoroço esteja só na parte menos informada do governo e do PT. Os informados têm motivo para estar é em pânico, falando essas bobagens de desestabilização e ameaça às instituições constitucionais.
No alto empresariado e entre jornalistas correm muito mais histórias do que os casos dos Correios e do IRB. O problema, sobretudo para os jornalistas, é a ausência de elementos comprobatórios.
Como aperitivo, vale a pena atentar para a influência que grandes empreiteiras e certos bancos procuram ter nas concorrências para concessões de rodovias federais. Há contas de custos assombrosos para os reparos, com a conseqüência de pedágios assaltantes. Com isso, as obras dispensam investimentos com capital próprio, realizando-se com o dinheiro arrecadado pelo próprio pedágio -o que poderia ser feito pelo governo, sem precisar da concessão.
É impossível que o núcleo do governo desconheça o que é comentado sobre vários setores ministeriais. Qualquer que seja a parcela do seu conhecimento, admitindo-se que seja só parcial, é suficiente para alto temor de uma CPI que escape ao controle.
folha de s paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.