De acordo com notas publicadas no Painel desta Folha, há no governo quem reconheça que vigora no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) uma situação que, se apurada a fundo, "fisgaria peixes no PTB, no PP e no PT". Um ministro considera que "ali estavam brincando com fogo". Para tornar o quadro mais sombrio, o festim não é novidade. Movimentações suspeitas já ocorriam há muitos anos. Mudaram apenas os beneficiados.
São notícias que conduzem a duas constatações. A primeira delas, é que o IRB já deveria, há muito tempo, ter sido objeto de reformulações profundas para submetê-lo a um regime de mais transparência. O instituto esteve por ser privatizado, mas, ao final, nada aconteceu.
A segunda, diz respeito ao caráter "suprapartidário" do processo de apropriação da estrutura pública por interesses privados e corruptos. Se hoje é obrigação do governo petista prestar esclarecimentos e tomar as medidas necessárias para enfrentar o problema, não é possível ignorar que há décadas desvios têm sido cometidos sistematicamente, em diversas instituições públicas, em todos os níveis de governo -o que torna o Brasil um país constantemente identificado com a corrupção.
Esse item consta de avaliações feitas aqui e no exterior. Pesquisas que procuram aferir a percepção de corrupção que executivos, empresários e outros profissionais têm dos diversos países costumam sempre contemplar o Brasil com uma posição no mínimo incômoda.
Trata-se, portanto, de um drama nacional que não pode ser encarado placidamente, como se fizesse parte da natureza. O mais inquietante é que a tendência em curso não desperta otimismo. Ao contrário, pois mesmo um partido, como o PT, que construiu em sua história a imagem de intransigência com a corrupção, parece ir se adaptando rapidamente às regras do jogo.
Enquanto isso, a sociedade brasileira, sentindo-se enganada, vai emitindo sinais de impaciência e descrença da instituição política.
folha de s paulo
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