MADRI - Não parece ter valido a pena tanto esforço do PT para conquistar a confiança dos mercados pela via da mais completa rendição.
É verdade que elogios não faltam à gestão econômica de Luiz Inácio Lula da Silva/Antonio Palocci. O maior deles, provavelmente imbatível até o fim do governo, terá sido o de William Rhodes, presidente do Citibank, ao apontar Lula como "modelo para o mundo".
Foi em Davos, durante o encontro anual de 2005 do Fórum Econômico Mundial. Rhodes, ontem, continuou acariciando o governo Lula ao dizer que fez "um trabalho de primeira classe" na implementação das reformas econômicas.
Engraçado é que expressão semelhante ouvi de banqueiros e/ou autoridades monetárias internacionais para falar da equipe econômica anterior. De Armínio Fraga, o presidente do BC no segundo período FHC, por exemplo, dizia-se que era "um banqueiro central world class" (de primeira classe, em tradução livre, mas provavelmente mais próxima do sentido desejado).
Todo esse amor deu em quê? Na previsão, feita ontem no encontro de primavera (no hemisfério norte) dos grandes bancos globais, de que está para acabar a farra do dinheiro abundante para os países ditos emergentes e que, portanto, assoma o fantasma de uma "crise de liquidez" (em tradução livre: a fonte vai secar).
Você, certo de que o Brasil é exemplo para o mundo, dará de ombros e dirá: bom, esse catastrofismo vale para os outros, o Brasil está fora, não é? Foi essa a pergunta que os jornalistas brasileiros fizemos aos dirigentes do IIF (Instituto para a Finança Internacional, o conglomerado de uns 340 grandes bancos globais) que acabavam de apresentar suas previsões alarmistas.
Resposta de Charles Dallara, diretor-gerente do IIF: a eventual crise terá "efeito sistêmico"; portanto não dá para "individualizar" países. Que gente malvada. O governo Lula faz o diabo para agradá-los e nem por isso consegue ter cara própria e escapar de ser um a mais no montão.
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