SÃO PAULO - Cruzo, no aeroporto de Madri, com Marco Aurélio Garcia, o assessor internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não demonstra a menor surpresa pela queda de Lucio Gutiérrez. Conta que, quando Lula esteve no Equador, na chamada "visita de Estado", saiu ao balcão do palácio do governo, para ser aplaudido, mas Gutiérrez preferiu ficar lá dentro mesmo. Já caíra na solidão. No pouco tempo até sermos chamados para embarcar, comento a crise de representatividade do mundo político latino-americano. Marco Aurélio prefere limitá-la aos países andinos, mas acaba admitindo que, enquanto não houver pelo menos desafogo para a situação social, a instabilidade estará sempre rondando. Claro que ele acha que o governo Lula acabará promovendo esse desafogo. Veremos. De todo modo, a nova-velha solução agora lançada para a crise equatoriana (eleições) pode até servir de band-aid, mas é só isso. O buraco é muito mais em cima. Está dado pelo fato de que faltam líderes com idéias claras sobre o que fazer (e que não seja "más de lo mismo", como fizeram ou fazem os governantes latino-americanos). E, ainda que as tivessem, falta margem de manobra para introduzir medidas que afetem os interesses do que a socióloga chilena Marta Lagos chamou, em entrevista a Sylvia Colombo, destaFolha, de "oligarquias brancas, que excluíram uma imensa parte das populações". (atenção, ela não falava do Brasil, mas vale também para o Brasil). Veja-se que o Equador (e, antes, a Argentina, ainda que de outro modo) dolarizou sua economia na expectativa de que, casando sua moeda com a dos "brancos", estaria salvo. Seus presidentes tiveram que fugir do palácio de helicóptero. FOLHA DE S.PAULO
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