SÃO PAULO - Entre os muitos déficits da gestão petista, há um que escapou de comentários: ela é péssima em relações humanas.
Mesmo na política brasileira, em que esse tipo de déficit é colossal, esperava-se um mínimo de solidariedade entre aqueles que um dia se tratavam por companheiros.
Toda a trajetória do PT, desde que assumiu o governo federal, torna também aquele tratamento uma burla, mais uma em uma coleção que parece interminável.
O que o presidente da República e seus companheiros de governo estão fazendo, por exemplo, com Humberto Costa, o ministro da Saúde, é de uma indecência galopante.
Humberto Costa é um quadro do PT desde sempre. Foi usado sempre pelo partido para fins eleitorais ou administrativos. Se é ou não competente, o presidente e o partido tinham todas as condições de saber isso antes de convidá-lo. Se o convidaram, e agora o julgam incompetente, o erro de julgamento é, portanto, muito mais de Lula e do PT do que do próprio Humberto Costa.
Mas, ainda que seja agora julgado incompetente, o mínimo que se espera de gente decente no trato com um companheiro é que o avise de saída: "Humberto, preciso do seu lugar. Você continua ministro até a designação do novo titular. Grato pelos dois anos e três meses de trabalho, mas a vida é assim".
O que é inadmissível é deixar vazar que a demissão é por mau desempenho e ficar exibindo indefinidamente seu corpo maltratado em praça pública, ainda por cima com o cartaz de incompetente no pescoço.
Vale idêntico raciocínio para outros "companheiros", como Aldo Rebelo, da Coordenação Política, que, embora seja do PC do B, acompanhou Lula e o PT em todas as campanhas eleitorais e permaneceu fiel também depois das derrotas, o que é incomum no país.
A reforma ministerial não vai tornar o governo melhor, já se vê. Mas um pouco de decência no trato pessoal dar-lhe-ia uma cara um pouco menos feia.
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