A indagação teria a finalidade de esclarecer qual a razão de o deputado Severino Cavalcanti e o senador Renan Calheiros usarem as tribunas a que foram alçados como armas de pressão para reivindicar ministérios aos respectivos partidos, o PP e o PMDB.
A exigência, ainda mais posta como primeira bandeira de defesa conjunta, obriga o presidente a não fazer rigorosamente nada; o contrário do supostamente pretendido pela dupla dos artífices da coalizão de fancaria que serve de sofisma ao exercício de um fisiologismo quase instintivo de tão primário que se apresenta.
Se desse curso à reforma ministerial agora nos moldes cobrados pelos porta-vozes do Poder Legislativo, o presidente Lula estaria – simbólica e materialmente falando – abrindo mão da prerrogativa de decidir livre de pressões externas e quebrando uma regra celebrada por ele mesmo como um traço inamovível de seu processo de tomada de decisões.
Luiz Inácio da Silva não fará as coisas como acham que podem exigir dele Cavalcanti e Calheiros, asseguram os próximos ao presidente a quem não escapou a tentativa do duo de tirar proveito do momento especialmente ruim das relações entre Executivo e Legislativo.
Nunca se viu, porém, coação tão açodada, em termos tão diretos, pela voz de ocupantes de tão altos postos. Até o mais persistente praticante de tiro à autoridade presidencial de que se tem notícia, o senador Antonio Carlos Magalhães, tinha seus limites.
Pedir cargos para o PFL da cadeira da presidência do Senado, por exemplo, ACM jamais deu-se a tal falta de respeito.
Aliás, onde já se viu em algum tempo ou lugar presidentes da Câmara e do Senado deixarem de lado a pompa dos cargos para cair na vala comum dos mendicantes? Em geral recebem, não fazem pedidos.
Nesse sentido, pode ser que esta última eleição tenha representado mesmo a ascensão e glória do baixo clero aos píncaros do poder.
Zero a zero
Assim os mais antigos no PMDB têm se referido ao impasse na escolha do líder da bancada na Câmara, dada a ausência de um vislumbre sequer de conciliação entre governistas e oposicionistas.
Desde a entrada de Anthony Garotinho no jogo pelo time da oposição, ficou tudo igual em matéria de falta de modos: antes era só o Governo que empregava métodos artificiais de obter vitórias, tais como filiações e sentenças de aluguel.
A cada lista de indicação apresentada à Mesa com o nome preferido de um grupo, o outro reage apresentando outra maior com assinaturas de deputados recrutados à deriva.
Nesse ritmo, o PMDB acaba tendo uma bancada de 300 deputados , não resolve o problema e ainda confere veracidade àquele lema antigo, de novo em moda, do então oposicionista Luiz Inácio da Silva.
Louca escapada
Primeiro o PT adiou a comemoração de seus 25 anos de fevereiro para março, a fim de evitar a coincidência com o aniversário de um ano do escândalo Waldomiro Diniz.
A continuar fugindo para resolver problemas, o PT termina clandestino de si mesmo.
Frevo total
Conversa de pernambucanos, ontem, no café da amanhã do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti: “Já temos o Executivo, o Legislativo, falta agora tomarmos conta do Judiciário”, provoca o único conterrâneo não-político da roda.
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