SÃO PAULO - Fico olhando o noticiário econômico e as previsões de eterna felicidade por parte dos governistas ou a ameaça de catástrofe na primeira curva da esquina, segundo os oposicionistas.
Nos primeiros, não acredito por vício profissional -e nunca me dei mal pela descrença. Nos segundos, tenderia até a acreditar porque catástrofe, convenhamos, é a praia em que melhor nadamos os jornalistas. Mas o meu lado ingênuo -e de confiança nas autoridades- me diz que não é possível que sejam cometidos de novo os erros que acabaram levando a catástrofes anteriores.
Aí, o jornal "Valor Econômico" de ontem sai com esta avaliação do colunista Luiz Sérgio Guimarães:
"Mesmo a R$ 2,6140, o dólar está em patamar de âncora cambial". Seguem-se as contas sobre a cotação de dezembro de 1998, véspera do colapso cambial, para demonstrar que, feitas as devidas correções pela inflação, o valor do dólar em relação ao real é muito parecido com o da crise.
Há, é verdade, uma importante diferença: as autoridades da época orgulhavam-se do real tão forte quanto o dólar ou quase. Hoje, as autoridades parecem apenas impotentes, mas não orgulhosas. Prova-o o ministro Palocci com sua declaração sobre o fato de o dólar estar caindo no mundo todo sem que o Brasil tenha poderes para conter tal queda. Já se viu que não é bem assim: o real valorizou-se muito mais que outras moedas, mas deixemos barato.
Como o dólar está caindo em toda parte, também não parece haver risco de uma súbita valorização da moeda norte-americana, como aconteceu no início de 1999. Posso dormir tranqüilo, então?
Poderia, se a Folha não tivesse lembrado frase do então ministro Pedro Malan sobre as negociações com o FMI: "Eu quero reiterar que não teremos uma maxidesvalorização".
Tivemos, sim. Uma baita desvalorização. Malan era doutor em economia, ao passo que o atual ministro é médico e alguns de seus assessores eram apenas subs de Malan. É melhor ou pior assim?
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