quarta-feira, julho 30, 2008

Fracasso de Doha mostra novo equilíbrio de poder, diz Fiesp

Mercado Aberto -


Folha de S. Paulo
30/7/2008

O fracasso da Rodada Doha, depois de sete anos de negociações, pode não provocar grandes mudanças em relação à tendência do comércio exterior, mas certamente mostra uma nova geografia de poder.
O resultado das negociações deixa claro que, hoje, os Estados Unidos e a União Européia já não concentram o poder das decisões. Nessa nova configuração, a China, a Índia e o Brasil passam a ter mais influência nas negociações comerciais, sobretudo na área agrícola.
A avaliação é do ex-embaixador Rubens Barbosa, presidente do conselho de comércio exterior da Fiesp, ao analisar as conseqüências de mais uma frustração da Rodada Doha.
"A principal conseqüência é que mudou o equilíbrio de poder no mundo", diz Barbosa. "Os Estados Unidos e a União Européia já não conseguem mais enfiar goela abaixo do mundo qualquer decisão na área do comércio exterior."
A contrário do governo, Rubens Barbosa sempre foi um defensor da tese de que nenhum acordo é melhor do que um acordo possível. Seu argumento é que, dependendo do que fosse aprovado, o risco seria de um retrocesso.
Além disso, havia muitos problemas políticos. Seria muito difícil, por exemplo, a aprovação de um acordo pelo Congresso americano, com nítida inclinação protecionista e em fim de mandato de Bush.
A grande dúvida é saber como o governo brasileiro vai agir daqui para a frente em relação aos países emergentes, já que a posição do Brasil divergiu tanto do G20 como da Argentina. Para Rubens Barbosa, se for manter a coerência, a diplomacia brasileira deveria, a partir de agora, abandonar a prioridade ao comércio Sul-Sul.
"Por questão de coerência, o Brasil deveria defender, a partir de agora, o comércio bilateral", diz Barbosa.
Nesse clima de divergência, Paulo Skaf, presidente da Fiesp, irá liderar no próximo final de semana uma delegação de cerca de 200 empresários para participar de um seminário na segunda-feira em Buenos Aires. O encontro terá a participação do presidente Lula e da presidente Cristina Kirchner.
Skaf não teme nenhuma represália por parte dos argentinos, apesar do descontentamento da diplomacia do país vizinho com a posição brasileira.
"O resultado de Doha não pode atrapalhar a relação dos dois países. A vida continua", diz Skaf. "O Brasil adotou a posição correta e contou com o apoio da indústria."

CONFRARIA
A Schincariol lança hoje, no restaurante D.O.M., em São Paulo, a Sociedade Baden Baden, formada por um grupo de apreciadores da cerveja. Durante a festa, o chef Alex Atala apresentará pratos que podem ser apreciados com a bebida fabricada em Campos do Jordão. "A cerveja está ganhando status de vinho e queremos trazer o conceito de harmonização com a alta gastronomia", diz Fernando Terni, presidente do grupo Schincariol.

NA ATIVA
Paulo Skaf (Fiesp) foi operado do joelho esquerdo na noite de segunda depois de ter rompido os meniscos quando jogava paintball com os filhos no domingo, em Campos do Jordão. Antes, ele havia montado por três horas a cavalo. Ontem, ele deixou o hospital e foi dar expediente na Fiesp, de muletas e cadeira de rodas.

PÉROLA
O engenheiro Thomas Gierlevsen, responsável pela ilha artificial The-Pearl-Qatar (a pérola Qatar), vem ao Brasil participar do Architectour, que começa no dia 7, em Florianópolis.

PRIMEIRA CLASSE
A TAM prepara uma nova configuração para a sua primeira classe e a executiva em vôos internacionais. O design será lançado em setembro e é acompanhado por Maria Claudia Amaro, filha de Rolim Amaro e membro do Conselho de Administração, e por David Barioni, presidente da TAM.

TALENTO
A construtora Rossi investe R$ 9 milhões para desenvolver um programa de retenção de talentos. A partir de consultoria do HayGroup, a empresa reavaliou a política de remuneração. A Rossi tem 840 profissionais.

SEM LENÇO E SEM DOCUMENTO
Jairo Viviani, diretor da Aquamare, que tem tecnologia para obter água potável a partir da água do mar desde 2000; a empresa não consegue vender a água envasada H2Ocean no Brasil porque o produto não se enquadra em nenhuma categoria da Anvisa; "nossa intenção era focar no mercado brasileiro, mas [sem a regulamentação] prefiro correr para os EUA", diz Viviani, que já fechou contratos no país para a segunda quinzena de agosto

CRÉDITO: INADIMPLÊNCIA DAS EMPRESAS CAI 2,5% ATÉ JUNHO, APONTA SERASA
Apesar do crescimento da inadimplência das pessoas físicas no primeiro semestre, o mesmo não aconteceu com as empresas. É o que aponta o Indicador Serasa de Inadimplência de Pessoa Jurídica, que recuou 2,5% no acumulado de janeiro a junho deste ano. Na variação mensal de junho em relação a maio, o recuo foi de 5,7% e, em comparação com junho de 2007, houve queda de 1,1%.