terça-feira, setembro 26, 2006

Clóvis Rossi - A ceia de Lula




Folha de S. Paulo
26/9/2006

Coitado do presidente Lula. Acabou em situação bem pior que a de Jesus Cristo, com o qual gosta de se comparar.
Para começar, Cristo, mesmo sendo filho de Deus e, portanto, com poderes talvez maiores que Lula, teve só um traidor, o tal de Judas.
Já Lula é traído dia sim, o outro também, por um monte de seus apóstolos.
A lista de traidores ainda não foi oficialmente divulgada pelo próprio Cris, ops, Lula, mas o procurador-geral da República o fez por ele, incluindo 40 nomes. E ainda não havia começado a, digamos, ceia mais recente, comumente chamada de "dossiegate", que só fez aumentar o número de companheiros de Judas (companheiros aí tem, sim, duplo sentido).
O que torna a saga de Lula ainda mais terrível que a de Cristo é o fato de que Judas pelo menos aumentou a renda per capita dos apóstolos, ao vender-se por 30 dinheiros para entregar o Mestre. Já os Judas do lulo-petismo não se venderam. Compraram ou tentaram comprar não o Mestre, mas um dossiezinho merreca -e por 1,7 milhão de dinheiros.
Se tivessem feito um cursinho na escola dos vendilhões do templo, talvez fossem mais bem sucedidos do que ao freqüentar apenas a escola de inteligência da campanha Lula. O presidente leva vantagem, no entanto, em um quesito: Pedro, um dos apóstolos, apertado, entregou o ouro, ao negar Cristo três vezes.
Já os neo-Judas do lulo-petismo não entregam nem sob tortura a origem do dinheiro que usaram na operação. Vai ver que, se contarem tudo, não sobra nenhum apóstolo para cear com Cristo-Lula. Ele já perdeu, aliás, o churrasqueiro oficial da turma, sinal de modernidade, já que, antes, era só pão e vinho. E nem era Romanée-Conti.
*Co-autores: Vinicius Mota e Hélio Schwartsman.