sábado, maio 27, 2006

DORA KRAMER De rotos e esfarrapados

Simon acusa Renan e Sarney, mas também usa o PMDB em favor de seus interesses

Depois de Itamar Franco, agora é a vez de o senador Pedro Simon usar o
estratagema de se lançar candidato a presidente pelo PMDB para ganhar
projeção e tentar melhorar sua situação eleitoral no Estado, no caso o
Rio Grande do Sul, onde Simon pretende renovar seu mandato por mais
oito anos e enfrenta a concorrência forte do ex-ministro Miguel
Rossetto, candidato ao Senado pelo PT.

Não há outra explicação para Simon, um político percebido como
integrante de cada vez mais reduzido grupo de reservas morais do País,
ter aceitado se aliar a Anthony Garotinho, formando com ele a chapa
que tentará ter, no próximo dia 29, aprovada a indicação para
concorrer à Presidência da República pelo PMDB.

E aqui não vamos nem enveredar pelo terreno das acusações de
irregularidades sobre o sistema de financiamento da pré-campanha do
ex-governador do Rio de Janeiro, bem como não cabe tratar das
diferenças na condução das carreiras de um e de outro.

Política são circunstâncias e se elas indicam a Simon que esta é a
melhor parceria a fazer e se ele não acha que a denúncia contra
companheiros de partido cuja avidez por cargos os mantêm sempre a
reboque do poderoso da vez soa um tanto tardia, trata-se de uma
escolha do senador.

Ele tem todo o direito de fazê-la, desde que não subtraia da realidade
o fato de que como pemedebista histórico também contribui, tanto
quanto os outros, para solapar a integridade partidária do PMDB. Pedro
Simon se junta agora a Garotinho, valendo-se da contestação judicial
do ex-governador à decisão da última convenção do partido de não ter
candidato a presidente.

Pode-se argumentar que o PMDB vive assim mesmo: uma hora é a ala
governista, outra hora é o grupo oposicionista que, no atendimento aos
respectivos interesses, recorre a artifícios judiciais para respaldar
seu desrespeito à decisão da maioria.

Atitudes vistas com naturalidade quando tomadas por personagens de
oportunismo conhecido - vários deles integrantes da lista de
denunciados agora por Simon. Mas surpreendem quando partem de
pemedebistas com o compromisso biográfico de um Pedro Simon.

Com isso, o senador no mínimo reduz sua autoridade moral para
contestar o modo como muita gente dentro do PMDB põe a legenda a
serviço de suas conveniências políticas regionais ou francamente
fisiologistas.

Não é a primeira vez, aliás, que Pedro Simon ignora o partido. Em 2002
o PMDB aprovou aliança com o PSDB, concorreu como vice na chapa de
José Serra, lugar pretendido por Simon, mas ocupado pela deputada Rita
Camata.

É bem conhecida a indiferença da ala contrária à aliança: a despeito
da posição oficial do partido, apoiou Lula na campanha e depois também
no governo, embora o eleitor tenha rejeitado a chapa integrada pelo
PMDB.

Entre os que preferiram o poder ao partido estavam Pedro Simon e seus
agora desafetos explícitos Renan Calheiros, José Sarney, Ney Suassuna
e companhia.

O senador Simon, é evidente, tem todo o direito de mudar de opinião,
alegando desconhecer que o governo do PT seria o que se vê. Só não
dispõe do privilégio de se considerar mais bem dotado no tocante à
ética só porque não reivindicou cargos. Este é só um aspecto da
questão.

O outro a ser levado em conta é o princípio do respeito às decisões,
origem de todo o processo de desmoralização do PMDB.

Simon, assim como vários outros pemedebistas desencantados com os
rumos erráticos e a flacidez moral do partido, reclamam, fazem cara de
nojo, mas não tomam uma atitude no sentido de se organizar, atuar com
firmeza, se contrapor aos que vampirizam o patrimônio da legenda e
tirar o PMDB da condição de mercadoria à disposição de quem der mais.

Esse grupo, nesta altura dos acontecimentos, quando está clara a
impossibilidade de candidatura própria, faria melhor se defendesse uma
aliança eleitoral nítida - seja com o PSDB ou com o PT - e lutasse
pelo respeito à decisão. Inclusive depois, em caso de derrota, sabendo
ser oposição como soube em outros tempos.

Skaf na CNI

O presidente da Confederação Nacional da Indústria, deputado e
candidato ao governo de Pernambuco pelo PTB, Armando Monteiro Filho,
deixa a CNI agora em julho para se dedicar à campanha.

Sabe que perde, mas não quer um novo mandato de deputado. Prefere
concorrer para testar seu cacife político no Estado para eventuais
projetos futuros.

Depois da eleição o plano é se candidatar de novo à presidência da
confederação, tendo como vice o atual presidente da Fiesp, Paulo Skaf.

Nome do pai

Com 18% da preferência do eleitorado, o segundo lugar na pesquisa para
governador do Rio de Janeiro e anfitrião do palanque de Lula no
Estado, o senador Marcelo Crivela esteve com o prefeito Cesar Maia
para dizer que, se o PFL conquistar a maior bancada de deputados
federais, a representação da Igreja Universal terá prazer em apoiar
Rodrigo Maia para a presidência da Câmara.