Folha
18/06/
SÃO PAULO - Não é apenas o Brasil da Copa que para por causa de greves. Na semana passada, grandes cidades europeias enfrentaram engarrafamentos devido a protestos de taxistas contra o aplicativo Uber, que permite aos usuários buscar caronas pagas pelo celular.
Não há muita novidade aqui. A onda de choque tecnológica que já reformulou várias indústrias, como a fonográfica e a jornalística, chega aos carros de praça. Enquanto os aplicativos se limitavam a aumentar a produtividade, isto é, o número de corridas dos veículos já autorizados, os taxistas eram só elogios. Mas, como é quase impossível conter a tecnologia, desenvolvimentos posteriores trouxeram mais concorrência ao mercado e corroeram as regulações, o que, por vezes, resulta na precarização das relações de trabalho.
Como sempre ocorre nessas situações, a categoria profissional afetada se revolta contra a novidade --no limite, saem quebrando máquinas, como os luditas no século 19--, e os consumidores, beneficiados com a redução de preços, a aplaudem.
De modo geral, a tecnologia vence. E, desde que a mudança não implique reduções drásticas de qualidade e segurança, o processo é positivo para a sociedade. Ainda que revoluções tecnológicas deixem mortos e feridos pelo caminho, no longo prazo, cada tarefa que passa a ser desempenhada por uma máquina livra o ser humano de trabalho, descrito como uma maldição na Bíblia.
Um bom exemplo é o da agricultura. Até 1800, quase toda a população de um país se dedicava à produção de alimentos. Hoje, a atividade emprega pouquíssimos funcionários e muita tecnologia. O enorme contingente que perdeu emprego no campo foi para as cidades, onde compõe o grande mercado que produz e consome os produtos e serviços que tornaram nossa época a materialmente mais próspera de todos os tempos. A matéria-prima dessa riqueza, no fundo, são pessoas comerciando ideias.
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