BRASIL ECONÔMICO - 06/12
Não
foi do dia para a noite que a Petrobras chegou à situação precária em
que se encontra, despertando mais dúvidas do que certezas. Na última
segunda-feira (2), as ações ordinárias da empresa sofreram a pior queda
desde a crise internacional de 2008, despencando mais de 10%. Ao todo, a
estatal viu escorrer pelo ralo o montante de R$ 24 bilhões em um único
dia. O Ibovespa, principal índice do mercado brasileiro de ações, fechou
com baixa de 2,36%, o menor patamar em três meses.
O
esfacelamento da Petrobras é um dos legados da década petista no poder.
Tudo começou com a ação deletéria do ex-comandante da companhia, José
Sérgio Gabrielli, emparce-ria com seu padrinho político, o ex-presidente
Lula. Nos dois mandatos lulistas, a empresa se tornou reduto de
"companheiros" indicados a seus cargos em nome de interesses meramente
partidários. O uso político da Petrobras a atrelou a um projeto de
poder, e não de desenvolvimento, e corroeu sua credibilidade.
O
"pibinho" de Dilma é resultado da escassez de políticas de
desenvolvimento sob Lula, que legou à sucessora o que se pode chamar de
herança maldita. O tombo do início da semana era apenas um desastre
esperando para acontecer desde que o governo anunciou um reajuste de 4%
no preço da gasolina e 8% para o diesel nas refinarias, mas não divulgou
como seria a nova metodologia de precificação. Em meados de outubro, a
atual presidente da estatal, Graça Foster, aprovou um novo plano de
reajuste junto ao Conselho de Administração, mas essas informações não
foram compartilhadas com o mercado "por razões comerciais".
A
expectativa era de que o aumento seria maior, algo entre 6% e 10% para a
gasolina, e que um novo plano de reajuste automático desse alguma
previsibilidade aos gastos da Petrobras diante da oscilação no preço do
petróleo. A atual política da empresa, com reajustes esporádicos que não
acompanham valores internacionais e provocam defasagem, sacrifica a
companhia, que perdeu R$ 14 bilhões entre janeiro e agosto ao absorver
essa diferença de preços.
A inflação que o governo não consegue
segurar com suas próprias forças tem de ser represada às custas de uma
Petrobras já combalida desde os tempos da dupla Lula-Gabrielli. O
desastre da política econômica encampada pelo PT gera índices
inflacionários controlados artificialmente, o que arma uma bomba prestes
a explodir. Enquanto isso, a estatal já não conta com a confiança dos
investidores, vê suas ações despencarem em questão de horas, perde 40%
em valor de mercado em um período de três anos (entre 2010 e 2013) e 36%
no lucro líquido em 2012 (em relação a 2011).
A absoluta inépcia
do PT na gestão da economia não prejudica apenas a Petrobras, mas o
país como um todo. Prova disso é o pífio resultado do PIB do terceiro
trimestre: retração de 0,5% em relação aos três meses anteriores, o pior
resultado em quatro anos. O "pibinho" de Dilma é resultado da escassez
de políticas de desenvolvimento sob Lula, que legou à sucessora o que se
pode chamar de herança maldita.
O loteamento político da máquina
governamental, a falta de transparência na divulgação de informações ao
mercado e a manipulação de dados para encobrir uma realidade mais
difícil do que faz crer a propaganda oficial são facetas de uma mesma
moeda. Se não tiver coragem para mudar seu rumo, o Brasil caminha a
passos largos para sofrer com o mesmo esfacelamento que atingiu a
Petrobras. Será preciso um novo governo para recolocar o país na rota do
crescimento.