FOLHA DE SP - 08/12
Programas de Dilma ampliam oferta de educação, saúde, casa e dão crédito a milhões no Brasil profundo
EM
UMA VIAGEM pelo interior mais pobrezinho do Nordeste, este jornalista
deu com uma cena que então parecia meio exótica. Crianças alimentadas,
numa barulheira alegre, lotavam um ônibus escolar amarelo como aqueles
de filme americano, mas estalando de novo.
De onde saíra aquilo?
Na lataria, estava escrito: "Programa Caminho da Escola "" Governo
Federal". O jornalista confessa com vergonha que até este ano jamais
ouvira falar do "Caminho da Escola". Além do mais, tende a desconfiar de
que alguns desses programas com nomes marqueteiros sejam ficções, que
existam apenas naquelas cerimônias cafonas de anúncios oficiais.
O
"Caminho da Escola", porém, financiou quase 26 mil ônibus desde 2009,
em mais de 4.700 cidades. Digamos que os ônibus carreguem 40 crianças
cada um (deve ser mais). Dá mais de 1 milhão de crianças. Conhecendo a
falta de dinheiro e as distâncias das escolas nos fundões do país, isso
faz uma diferença enorme.
Daqui do centro rico de São Paulo, o
Brasil, esse país longínquo, e muitas ações do governo parecem
invisíveis. Quase ninguém "daqui" dá muita bola para programas populares
dos governos do PT até que o povo miúdo apareça satisfeito em pesquisas
eleitorais.
Juntos, tais programas afetam a vida de dezenas de
milhões de pessoas, tanto faz a qualidade dessas políticas, umas
melhores, outras nem tanto, embora nenhuma delas seja nem de longe tão
ruim quanto a política econômica.
Quem "daqui" conhece o Programa
Crescer (Programa Nacional de Microcrédito)? Existia desde 2005, foi
reformado por Dilma Rousseff em 2011, quando passou a contar com crédito
direcionado e juro baixo, ora negativo (5%, abaixo da inflação).
O
Crescer já financiou o negociozinho de 3,5 milhões de pessoas, um terço
delas recipientes de Bolsa Família. Tem uma versão rural, mais antiga,
mas vitaminada nos governos do PT, o Pronaf, que ofereceu crédito a juro
real ainda mais baixo a 2,2 milhões de agricultores pequenos na safra
2012/13.
O Pronatec já é mais falado, mas pouco conhecido (até
mesmo pelo governo, que só agora começou a fazer uma avaliação de
resultados). Irmão mais novo e em geral grátis do universitário Prouni,
trata-se de um conjunto variadíssimo de ações que procura oferecer
cursos profissionalizantes e técnicos (ensino médio).
Desde sua
criação, foram mais de 5 milhões de matrículas (há evidências esparsas
de grande evasão, de uns 20%, mas ainda falta estatística séria). A
maioria das vagas é reservada para os mais deserdados dos brasileiros.
Reportagem
desta Folha mostrou que os 13 mil médicos do Mais Médicos devem estar
ao alcance de cerca de 46 milhões de pessoas no ano que vem. Não é uma
política ampla de saúde, está claro. Mas, outra vez, vai resolver muito
problema de muita gente deserdada desta terra.
O Minha Casa, Minha Vida já entregou 1,32 milhão de casas; tem mais 1,6 milhão contratadas. Beneficia 4,6 milhões de pessoas.
Junte-se
a isso tudo as já manjadas transferências sociais, em dinheiro,
crescentes em valor e cobertura. É muita gente "de lá" beneficiada.
Goste-se ou não do conjunto da obra, o efeito social e político é
enorme.
A gente "daqui" precisa visitar mais o Brasil.