O Estado de S. Paulo - 19/07/2012 |
No papel de mais robusto partido de oposição, o PSDB não tem se notabilizado pela competência no ataque nem pela compensação da deficiência com eficácia na defesa. Tropeçou visivelmente em pleno escândalo do mensalão ao dar abrigo à versão do então senador Eduardo Azeredo de que nunca teria se servido dos préstimos de Marcos Valério de Souza, para ver mais adiante os fatos apontarem a origem do chamado valerioduto de irrigação de contas partidárias na campanha pela reeleição de Azeredo ao governo de Minas Gerais. Até hoje os tucanos se arrependem, avaliam que não deveriam ter protegido tanto Eduardo Azeredo e atribuem àquele momento de vacilação a perda de autoridade para confrontar mais fortemente o PT quando o partido no poder esteve nas cordas. Pois eis que agora o PSDB repete o equívoco ao se perfilar numa defesa do governador Marconi Perillo que em tudo repete os petistas nos seus piores momentos de falta de argumentos. O presidente e parlamentares do partido organizaram um "ato de solidariedade" para mostrar força unida numa foto do grupo, cujas declarações, no entanto, resultam no oposto do pretendido. Sem pronunciar uma frase sequer em contraposição à versão da Polícia Federal de que a venda de um imóvel do governador para Carlos Cachoeira serviu de canal para o recebimento de propina em troca da liberação de pagamentos à construtora Delta, não se pode dizer que os tucanos tenham defendido o governador de Goiás das acusações. Depois do desagravo, Marconi Perillo continuou desguarnecido no tocante aos necessários esclarecimentos e o PSDB posicionou-se ainda mais debilitado frente ao adversário. Usou o mesmo recurso petista de atribuir toda e qualquer denúncia a conspirações políticas ao apontar uma "ação orquestrada" da presidente da República em conluio com a PF, a CUT, a UNE, Lula e José Dirceu. O objetivo, na concepção tucana, seria criar uma "cortina de fumaça" para desviar a atenção do julgamento do mensalão e transformar Perillo em bode expiatório da CPI. Considerando o plano inicial exposto em vídeo pelo presidente do PT, Rui Falcão, de fazer da comissão de inquérito uma oportunidade para "desmascarar os autores da farsa do mensalão", os tucanos poderiam até ter alguma razão. Desde que no andamento dos trabalhos não tivessem sido reveladas informações extremamente comprometedoras para o governador de Goiás que até agora não conseguiu fornecer uma explicação convincente para elas. Do partido que repetidas críticas faz ao PT pelo recurso fácil da transferência de culpas sem dirimir as dúvidas de conteúdo, esperava-se atitude mais consistente. Se a realidade os impede, que os tucanos fossem ao menos mais criativos. Isso na impossibilidade de invocar um grau mais elevado de respeito ao discernimento mental do público votante. Flor do recesso. O PMDB faz uma notícia, mas não necessariamente cria um fato real quando anuncia conversas em curso com seis legendas que poderiam se incorporar ao partido. Histórias de fusão em geral são mais anunciadas que propriamente concretizadas. Por um motivo: a propriedade de um partido é um grande negócio. Garante tempo de televisão - sempre disponível para locação - e acesso ao dinheiro do fundo partidário. Uma agremiação por menor que seja ganha mais mantendo a legenda ativa, já que perde os "benefícios" incorporando-se a outra. Está aí o prefeito Gilberto Kassab com seu PSD, criado depois de muita conversa sobre fusão com o PSB e o PMDB. Dever de ofício. A despeito de avaliações pemedebistas sobre a falta de competitividade do candidato do partido em São Paulo, o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp, apresenta sua discordância: "Se achássemos que Chalita não tem chance, teríamos ocupado a vice do Haddad". |