FOLHA DE SP - 18/04/12
Dois séculos de intensos trabalhos e pesquisas, desde Ricardo, não conseguiram medir como se distribuem os ganhos entre os parceiros, qual o efeito do comércio na distribuição de renda entre capital e trabalho e se, após a especialização, a economia pode absorver o emprego disponível. São questões políticas, resolvidas nas urnas, e não no mercado. Sabemos também desde Ricardo que, se uma economia com produtividade superior em todos os bens insistir em ser uma "autarquia", estará perdendo a chance de melhorar a vida dos cidadãos.
A importação é fator de aumento do bem-estar quando dá à sociedade a oportunidade de ampliar o universo de escolha de bens finais -ainda mais quando se trata de partes e componentes ou de bens de capital. Os primeiros ampliam o espectro de oportunidades criando, inclusive, mercado para novos investimentos. Bens de capital aumentam a produtividade e a incorporação de novas tecnologias que aceleram o crescimento.
Tais efeitos são maximizados quando há condições isonômicas do competidor nacional com seus parceiros externos. Há anos estamos destruindo cuidadosamente essa "isonomia". Não é preciso ser físico quântico. Um modesto economista entende que a capacidade de pagar importações com exportações condiciona o crescimento econômico possível, sem criar problemas no financiamento do balanço em conta-corrente.
Infelizmente, apesar do aparente "sucesso" de nosso setor exportador, cada vez mais voltado às atividades agrícolas e mineradoras, com concentração em produtos e compradores, não avançamos nada nos últimos 30 anos. Veja a tabela abaixo:
Fingimos que corremos para ficar no mesmo lugar. O resultado é ainda mais trágico diante do tremendo aumento de nossas relações de troca!