Cresce, cada vez mais, a percepção de que o comando esportivo do país, do governo às entidades responsáveis pela organização das diferentes atividades, está defasado e necessita de reforma e faxina generalizada.
No caso do futebol, a estrutura personalista, não empresarial nem profissional na direção dos clubes, e a falta de um calendário que compatibilize os diferentes campeonatos regionais e nacionais com os compromissos internacionais dos clubes e da seleção justificam os comentários de Juca Kfouri, que, em artigo no atual número da revista “Interesse Nacional”, observa, com propriedade, que “na verdade, vivemos sem saber o que queremos ser quando crescer em matéria de política esportiva e não temos sido capazes de nos aproveitar das oportunidades que a globalização oferece, limitados ao papel de exportar matériaprima, com nos tempos da dependência do país essencialmente agrícola”.
Diante desse quadro negativo, quem haveria de supor que o Brasil está entre as maiores potências esportivas do mundo?
Recentemente, tomei conhecimento de um site, criado por três rapazes, fanáticos por esporte, que veio suprir uma lacuna: a ausência de um verdadeiro ranking mundial de países na prática de todos os esportes.
O site, criado em 2008, chama-se greatest-sportingnation.com e é atualizado mensalmente. Para organizar esse ranking, não foram poucos os desafios: como combinar esportes coletivos e competições individuais e como distribuir pontos em cada competição. Não estão incluídos, pela dificuldade de se aferir pontuação, campeonatos de clubes no futebol, no hóquei e no basquetebol, além de esportes motorizados (carros e motos) e envolvendo animais, com exceção dos equestres, por fazerem parte dos Jogos Olímpicos.
O ranking mundial das vinte primeiras potências esportivas, seguro indicador da pujança esportiva do país, é o seguinte: EUA, Rússia, França, China, Japão, Alemanha, Canadá, Austrália, Suécia, Áustria, Itália, Reino Unido, Coreia do Sul, Noruega, Brasil, Suíça, Espanha, Finlândia, Polônia e Holanda.
A posição de 15º lugar, ocupada pelo Brasil, tem grande significado e mostra o potencial do país, forte nos esportes coletivos pela habilidade individual de nossos atletas, e em novas e diferentes modalidades, graças à abnegação e ao talento de atletas que dividem a atividade esportiva com trabalho para conseguir sobreviver.
Caso tivéssemos um projeto esportivo, a situação do esporte no Brasil seria bem diferente.
Espera-se que o novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, possa desmontar os esquemas de apropriação indébita de recursos públicos pelo PCdoB. A seriedade e a honestidade do novo ministro são conhecidas, mas também terá de demonstrar eficiência e competência, quatro qualidades não facilmente encontradas hoje nas lideranças esportivas de nosso país.
O acompanhamento das obras de construção dos estádios para a Copa do Mundo e da gestão financeira dos recursos governamentais alocados para isso será uma das prioridades do novo ministro. Os preparativos para os Jogos Olímpicos, tanto para a infraestrutura física quanto para a seleção dos representantes brasileiros, demandarão atenção especial do Ministério do Esporte.
O desempenho fraco da representação brasileira nos Jogos Pan-Americanos é um sinal de alerta. Ainda há tempo para o planejamento e o desenvolvimento de um programa de apoio efetivo para preparar atletas para os Jogos Olímpicos de 2016.
RUBENS BARBOSA é presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp.