Blog Noblat
É verdade que esse subministério de Dilma é herança de Lula. Mas é verdade também que ela não seria presidente da República, hoje, sem o apoio e os excessos praticados por seu patrono.
O ex-presidente manda todos os corruptos, apanhados em flagrante delito, resistirem à opinião pública, à imprensa, à oposição e à lógica dos fatos. É realidade, igualmente, que sua sucessora abandonou a ideia de “faxina” ética e meramente busca engodar a sociedade: só demite quando não dá mesmo mais para manter e permite que o partido do delinquente indique o sucessor, precisamente para que o desvio de dinheiro público caia nas brumas do esquecimento.
Carlos Lupi mentiu. Disse não conhecer o senhor Adair, “dono” da suspeitíssima ONG Pro-Cerrado, afirmou nunca ter viajado com ele em avião fretado sabe-se lá por quem e, no entanto, a revista Veja, em bela suíte, exibiu a foto do comborço, os dois juntos, ao pé da aeronave.
Não falta nada para demiti-lo. Ele, aliás, já não é mais ministro. Não despacha; inventa desculpas. Não atua; esconde-se.
Esqueçamos Lupi, pois. A preocupação deve centrar-se no método de escolha do sucessor. Será alguém desse PDT por ele aparelhado? Um “companheiro” escolhido na medida exata que impeça a apuração rigorosa da roubalheira que promoveram na pasta do Trabalho e Emprego?
Ou Dilma Rousseff se mostrará capaz da grande virada? Aquela que mude a qualidade desse ministério chinfrim e indique rumos novos, rumos de eficiência e moralidade para o País?
Todos se surpreenderam e a apoiaram nas primeiras demissões. Foi uma mágica, que se dissolveu e virou mágica “besta”, do tipo que não convence nem mais os amiguinhos do aniversariante de cinco anos de idade.
Demitir o faltoso e deixá-lo escolher o substituto-protetor é tão grave quanto fingir que o senhor Carlos Lupi não mentiu para a sociedade, para a imprensa, para a própria presidente da República.
O Brasil espera mudança expressiva de rumos. Apuração dos fatos denunciados. Punição dos culpados. Restituição do dinheiro pilhado aos cofres público.
Orlando Silva foi “demitido”, mas o PC do B continua “proprietário” da capitania hereditária dos Esportes. Lupi terá o mesmo destino, porém, pelo rumo da prosa, nada mudará de profundo na suserania que o “monarca” absolutista (não foi a “rainha”) lhe destinou.
É hora de falar sério, presidente Dilma. É menos difícil que o penoso exercício da hipocrisia.
Arthur Virgílio é diplomata e foi líder do PSDB no Senado