terça-feira, fevereiro 01, 2011

Egito preocupa Israel Do Nahum Sirotsky em Tel Aviv

 – As famílias dos diplomatas israelenses no Cairo já chegaram a Israel, vindas em um avião especial. Permanecerão no país até que a crise egípcia seja definida. Esta precaução foi justificada com o fato da presença do povo em manifestações na zona da habitação dos diplomatas.

 

O Egito foi o primeiro país árabe a firmar um acordo de paz com Israel. A Jordânia foi o segundo e, até agora, o último. Neste período de paz, as relações dos respectivos governos com Jerusalém foram normais. No caso do governo Mubarak, do Egito, muito intensas, devido à posição de liderança do chefe de governo egípcio no mundo árabe.

 

O general Suleiman, escolhido para vice-presidente egípcio – o primeiro em trinta anos de governo Mubarak – desempenhou, como chefe dos serviços secretos, importante papel nas ações egípcias de apoio às tentativas de promover a paz entre israelenses e palestinos. 

 

A revolução popular que o Egito atravessa ainda tem um final imprevisível. A Jordânia também está instável. A estabilidade de todos os sistemas políticos árabes do Oriente Médio está em jogo nestas horas devido ao que acontece no Egito, o maior e mais influente país árabe, com 80,5 milhões de pessoas. Se o povo egípcio for vitorioso e conseguir derrubar Mubarak, movimentos semelhantes são muito prováveis em quase todos os países árabes.

 

Sabe-se que a mulher e os filhos de Mubarak estão em Londres, já.

 

Apesar da normalidade das relações entre Israel, a Jordânia e o Egito, no período em que existe a paz entre eles, há uma mídia egípcia e jordaniana fortemente antiisraelense. Os sentimentos quase antissemitas dos povos no Egito e na Jordânia sempre foram uma preocupação para Israel.

 

Há poucos dias um dos aiatolás do Irã encaminhou mensagem a Mubarak recomendando que controlasse suas forças de segurança para evitar vítimas entre o povo em rebelião. O número de vítimas, entre mortos e feridos, é alto e não foi inteiramente revelado até agora. Mas, segundo fontes de Israel, existem indícios de influência iraniana no que está acontecendo no país vizinho.

 

O Egito é da seita sunita, que é a prática do Islã segundo cerca de 90 por cento dos maometanos. O Irã, que é persa – portanto não semita – é da seita xiita, cujas relações com os sunitas sempre foram muito precárias. Num certo sentido, os xiitas são considerados heréticos, pois além de respeitar a síntese da religião islâmica, que diz que Alá (Deus) é um só, e Mohamed, o seu profeta e mensageiro, os xiitas veneram Ali, genro do profeta.

 

Em Karbala, no Iraque, encontra-se enterrada, segundo a tradição, a cabeça de Ali, protegida por uma mesquita e local de peregrinação anual dos xiitas. Apesar dessa diferença de prática religiosa, o Irã mantém relações muito próximas com a Irmandade Muçulmana. O movimento foi criado em 1928 no Egito, de um islamismo radical, cuja doutrina teria servido de inspiração, ou mesmo orientação, no surgimento dos movimentos islâmicos qualificados de terroristas. Entre eles Al Qaeda, Hamas e outros. Ao que consta, o número 2 de Bin Laden é um ex membro da Irmandade Muçulmana.

 

É desconhecida, devido a eleições fraudulentas que ocorreram no Egito, para a presidência o parlamento do país, a exata penetração do movimento na opinião pública do país. E, no momento, mais do que nunca, teme-se que o sistema de poder de Mubarak, que nomeou um vice aparentemente já pensando na hipótese de se retirar do governo, não perdure com a queda do ditador. E, num primeiro pleito democrático e honesto, a Irmandade Muçulmana receba uma grande votação e até consiga maioria do seu candidato à chefe do executivo.

 

A extensão da influência do Irã no Egito que preocupa Israel, como aos Estados Unidos. Em momento algum, em Israel, é esquecido o proclamado objetivo do Irã de destruir o Estado judeu.