terça-feira, fevereiro 08, 2011

Dilma mostra certa preocupação com corrupção, diz FHC

O Estado de S Paulo

Dilma mostra certa preocupação com corrupção, diz FHC

07 de fevereiro de 2011 l


Leia a notícia <http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,dilma-mostra-certa-preocupacao-com-corrupcao-diz-fhc,676202,0.htm#bb-md-noticia-tabs-1>


GUSTAVO URIBE - Agência Estado
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou que,
diferentemente do seu sucessor Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a
presidente Dilma Rousseff (PT) tem dado a impressão de que se preocupa
com casos de corrupção no governo. Em entrevista ao programa "É
Notícia", exibido na madrugada de hoje pela RedeTV!, FHC avaliou que
Dilma é mais sóbria e tem "menos recursos retóricos" que Lula.

"Ela tem um outro estilo, demonstrou certa preocupação com a
corrupção, o que Lula não demonstrava. Ao contrário, tentava
minimizar", disse. "Isso é um bom sinal, mas ainda é cedo para
julgar", comentou o ex-presidente. O tucano avaliou ainda que Dilma
tem se posicionado de maneira "mais progressista" do que Lula sobre
questões internacionais. De acordo com FHC, o ex-presidente petista
"equivocou-se" ao não adotar uma postura mais crítica em relação ao
Irã em episódios de desrespeito aos direitos humanos.


"Nós não podemos confundir a independência política com o desrespeito
aos direitos humanos. Neste assunto, a presidente tem dado uma
pontuação mais correta, mais progressista. Vamos ver se isso se
mantém, tomara que se mantenha", afirmou Fernando Henrique. A gestão
de Lula, na avaliação de FHC, teve méritos, como a ampliação do
investimento e a expansão da distribuição de renda, o que contribuiu,
de acordo com ele, para a eleição de Dilma. "O Lula fez coisas boas
também para o Brasil", elogiou, dizendo que, na média, ele fez um bom
mandato. O tucano observou, contudo, que a administração de Lula
trouxe também retrocessos. FHC citou como exemplos a não realização de
reformas estruturais, como a política e a tributária, e acordos com o
que chamou de "setores atrasados", sem especificá-los.


Segundo o presidente de honra do PSDB, faltou ao partido nas três
últimas eleições presidenciais, das quais saiu derrotado, defender as
privatizações realizadas no governo tucano, um dos principais focos da
munição petista durante as campanhas eleitorais. FHC considerou que a
legenda "esqueceu completamente" de tratar o assunto de forma
positiva. "O PSDB esqueceu, completamente, de reafirmar tudo isso, de
maneira positiva. É como se isso tivesse sido errado. Não foi errado,
nós não perdemos o controle das coisas, nós ampliamos a nossa
capacidade produtiva", disse.


O tucano criticou ainda a polêmica criada tanto pelo PT como pelo PSDB
em torno do aborto nas últimas eleições e declarou que recomendou na
época ao então candidato tucano a presidência, o ex-governador de São
Paulo José Serra, que não abusasse da publicidade na propaganda
eleitoral gratuita na televisão. "Eu disse para o Serra falar sem ler,
ser ele mesmo, assim como eu faço. O povo percebe quando é natural e
quando está lendo", garantiu.


Conforme FHC, se o senador Aécio Neves (PSDB-MG) tivesse concorrido em
2010 como candidato a vice-presidente na chapa, a sigla,
provavelmente, teria ganhado as eleições presidenciais. Para a
sucessão em 2014, o ex-presidente disse que ainda é cedo para escolher
o candidato da agremiação e defendeu a unidade do PSDB em torno do
tema. FHC negou que pleiteie o posto de presidente nacional do
partido, nome que será escolhido em maio, e disse que recomendou a
Serra que não seria bom para ele concorrer ao cargo.


"Ele nunca declarou vontade de ser presidente do PSDB. Pessoalmente,
eu não acho que seria uma boa para ele, já disse isso a ele", conta
FHC. "Não que ele não quisesse ser candidato. O Serra tem um
prestígio, uma posição de tal natureza que ele não precisa de função
específica dentro do partido. Pode ter, mas não precisa."