O GLOBO
O contador Antônio Carlos Atella Ferreira admitiu ao GLOBO que foi ele quem retirou cópias das declarações de IR de Verônica Serra na agência da Receita Federal em Santo André, município do ABC paulista. Disse que fez isso por encomenda de uma pessoa. Que ele não lembra o nome. Mas que "queria prejudicar Serra".
É claro que o contador mente. Ele sabe, sim, quem lhe encomendou o trabalho. Só não quer dizer quem foi.
Cerca de 140 pessoas tiveram seu sigilo fiscal violado em agências da Receita Federal no ABC paulista. Entre as 140, cinco são ligadas a Serra. Uma delas, Verônica, é filha dele. Se isso tudo não configura um escândalo de bom tamanho, nada mais configura.
O "Caso dos Aloprados" é bobagem perto do "Aloprados 2 - O Retorno".
O primeiro aconteceu em meados de 2006.
Empregados do comitê da campanha de Lula à reeleição montaram um falso dossiê para comprometer as candidaturas de Serra (ao governo de São Paulo) e de Geraldo Alckmin (à Presidência da República).
Os alvos, ali, eram dois. Os documentos que engordaram o falso dossiê estavam em mãos de particulares - bandidos envolvidos com a chamada Máfia do Sangue.
Agora, não.
O crime teve como alvos dezenas de pessoas. E um órgão do governo - não um órgão qualquer, mas a Receita Federal - está metida no crime até o talo.
Dados fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, foram parar num calhamaço de papéis reunidos por pessoas que trabalhavam na campanha de Dilma Rousseff.
Duas delas, pelo menos, almoçaram com um ex-delegado da Polícia Federal interessadas em que ele espionasse Serra.
Elas negam que seu propósito tivesse sido esse. O ex-delegado confirmou que era, sim, em depoimento prestado no Congresso.
O Aloprados 1 foi investigado pela Polícia Federal. Não deu em nada. Ninguém foi punido.
O governo anunciou que a Polícia Federal investigará o que ele, governo, se recusa a chamar de Aloprados 2. Sua única preocupação é afastar a sombra do crime das proximidades da campanha de Dilma.