FOLHA DE S. PAULO
BRASÍLIA - A pesquisa Datafolha de hoje abala certezas e reabre a hipótese de segundo turno na eleição presidencial. No Planalto, devem estar de tacape em punho. Na oposição, arregaçando as mangas.
Dilma mantém uma liderança folgada, mas a vantagem para seus adversários caiu cinco pontos em apenas uma semana e está em sete pontos. Nos votos válidos, ela, que tinha chegado a 57%, recuou para 54%. A margem para fechar a eleição no primeiro turno estreitou-se para frágeis quatro pontos.
As campanhas correm contra o tempo, Dilma certamente torcendo para o dia 3 chegar logo, e Serra precisando decantar ainda mais os efeitos corrosivos do escândalo da Casa Civil sobre a favorita.
Os dados comprovam claramente que, se o abstrato e confuso caso da quebra de sigilo fiscal não fez cócegas na eleição, a descoberta de uma central de mentiras, nepotismo, tráfico de influência e cobrança de propina no coração do poder tem castigado a campanha petista.
Dilma não deve jogar a ira e a culpa sobre a imprensa, que divulgou, mas sim sobre Erenice Guerra, que foi sua braço direito, sucessora e algoz. Nem um supertucano infiltrado por Serra conseguiria tanto.
A queda de Dilma se deu principalmente entre eleitores homens, com nível superior e renda de cinco a dez salários mínimos. Geograficamente, registre-se que ela caiu sete pontos no Distrito Federal, mas os efeitos também ocorreram na Bahia e no Rio, por exemplo.
O tsunami pró-Dilma começa a perder o ímpeto. A dúvida é: dará tempo de morrer na praia até 3 de outubro? Difícil afirmar, mas os dados e a tendência dizem que é, sim, uma possibilidade.
Um dado importante é que Dilma cai, mas José Serra oscila apenas um ponto para cima, e Marina Silva, dois. Ou seja: para ir ao segundo turno, Serra precisa desesperadamente não apenas que Dilma continue caindo como também que Marina continue subindo.