segunda-feira, julho 19, 2010

Panorama - Radar

A riqueza de Burkina Faso


Autor(es): Felipe Patury
Veja - 19/07/2010
 


As atenções da Vale estão voltadas neste momento para uma das nações mais miseráveis do planeta, Burkina Faso. O presidente da mineradora, Roger Agnelli, negocia a compra dos direitos de exploração de uma jazida de manganês situada naquele país. Conduzida em sociedade com o grupo japonês Mitsui, a transação está cercada de sigilo. A mina de Tambao é uma das melhores e mais puras da África, com reservas estimadas em 20 milhões de toneladas. Para aprovar o negócio, o governo do tirano Blaise Compaore exige compensações financeiras não especificadas e a construção de uma ferrovia de 200 quilômetros. Amigo de ditador, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ajudar a fechar a operação. Para não municiar seus concorrentes, a Vale não se manifesta sobre o assunto.

O motim dos 12 000 
A Força Aérea está sob ataque - nos tribunais. Seus inimigos são 12 000 soldados especialistas demitidos a partir de 2001. Esse contingente era formado por mecânicos, auxiliares de enfermagem, cozinheiros e bombeiros, aprovados em concurso público como soldados e dispensados depois de seis anos de serviço. Boa parte deles recorreu à Justiça trabalhista para voltar ao antigo posto. O comandante da arma, Juniti Saito, tenta impedi-los, mas a Aeronáutica já foi derrotada em 27 ações.

70 milhões nas estradas 
Esse é o número de passageiros transportados anualmente no Brasil pelas empresas de ônibus interestaduais. O volume é 40% maior do que o estimado pelo governo, segundo revelou um estudo encomendado pelo presidente da Agência Nacional de Transportes Terrestres, Bernardo Figueiredo, à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo. A descoberta serviu para remodelar a megalicitação que definirá os operadores desse setor nos próximos quinze anos. O edital da concorrência, estimada em 60 bilhões de reais, deve ser publicado ainda neste semestre.

Língua de sogra

Ano eleitoral não falha: os deputados pensam mais no que rende voto e menos em apoio aos governos. Uma pesquisa inédita realizada pela consultoria Arko Advice revelou que no primeiro semestre a média de apoio aos projetos do governo na Câmara foi a segunda menor da era Lula: 45%. Porcentual mais baixo só ocorreu no primeiro semestre de 2006 (44%). Há quatro anos, no entanto, o mensalão era assunto frequente no noticiário. Hoje, mesmo com a popularidade nas alturas, Lula não consegue apoio maior na Câmara.

Quem pegou meu iPhone?

Desde abril, uma ocorrência mantém acesa a rede de fofocas no Tribunal de Contas da União. O ministro Walton Rodrigues deu pela falta de seu iPhone depois de uma reunião da Primeira Turma da corte. Concluiu que havia sido roubado e que o ladrão levara consigo não só o aparelho como as informações sigilosas nele armazenadas. Cobrou do tribunal a instauração de um inquérito para apurar o caso e resgatar seu iPhone. A diligência foi encerrada sem resolver nem uma coisa nem outra. Rodrigues continua inconformado.

 

A Cidade do Samba de São Paulo

No que se refere a Carnaval, o objetivo da capital paulista é, sem eufemismo, copiar o Rio de Janeiro. Na semana passada a prefeitura paulistana e as escolas de samba locais começaram a discutir a criação de um complexo semelhante à Cidade do Samba, que, desde 2005, serve para que as agremiações cariocas arrecadem mais recursos para seus desfiles. A versão paulista teria a mesma função e ajudaria São Paulo a prolongar a estada dos turistas que a visitam por motivos de negócios. As escolas gostariam de instalar a Cidade do Samba paulista na Mooca, bairro de origem operária. O prefeito Gilberto Kassab é um entusiasta da ideia.