O Globo - 28/01/2010 |
Em um ano de crise aguda, como foi 2009, o governo valeu-se de truques e muita criatividade para fechar as contas públicas. O resultado do Tesouro confirma que o superávit primário foi forjado a partir de caminhos muito pouco ortodoxos. Começando pelo uso do BNDES, um banco público de fomento, para reforçar o caixa da União, abrindo espaço para mais despesas, sem comprometer a meta. De um lado, o BNDES recebeu empréstimo de R$ 100 bilhões do Tesouro em títulos da dívida pública — que não teve impacto fiscal, mas elevou a dívida bruta — para mitigar os efeitos da crise global. De outro, o bancão repassou um valor recorde de dividendos ao caixa da União: R$ 11 bilhões, quase o dobro de 2008; e ainda "comprou" mais R$ 3,5 bilhões de dividendos da Eletrobrás, também repassados ao Tesouro. Herança maldita No mercado, esses truques para obter superávit primário e o aumento da dívida bruta são vistos com preocupação. O economista Sérgio Vale, da MB Associados, prevê que haverá uma piora no perfil da dívida pública mais pra frente, em decorrência desses fatores. Ecos da crise A crise teve grande impacto no mercado internacional de aparelhos celulares. Segundo dados da Abinee, associação dos eletroeletrônicos, as exportações brasileiras em 2009 caíram 35% no faturamento (US$ 1,4 bi contra US$ 2,2 bilhões de 2008) e no volume (16,3 milhões contra 25 milhões). Para 2010, a previsão é de alta de 10% no volume, mas há uma grande insegurança nas estimativas porque nossos principais parceiros, Argentina (51%) e Venezuela (10%), estão afundados em crises políticas e econômicas. |
quinta-feira, janeiro 28, 2010
Truques fiscais - Regina Alvarez
Panorama Econômico