sábado, janeiro 23, 2010

O ex-senador John Edwards reconhece filha ilegítima

Bonitinho, mas ordinário

O ex-senador John Edwards, que disse que não teve, mas teve, uma
amante, admite que é pai da filha dela. E o ex-assessor conta tudo

Elise Amendola/AP
QUEM, EU?
Edwards, exposto por um tabloide: "Errei em negar que fosse minha filha"


Nunca na história dos Estados Unidos um político acusado de prevaricar no campo amoroso chafurdou em lamaçal tão sórdido quanto o que engoliu o ex-senador democrata John Edwards, 56 anos - um campo em que, certamente, competição não lhe falta. Nesta semana Edwards admitiu o que o país inteiro estava cansado de saber, mas ele desmentia com cinismo infinito: tem uma filha fora do casamento. "Errei em negar que fosse minha filha e espero que um dia, quando for capaz de entender, ela possa me perdoar", escreveu num comunicado à imprensa di-vulgado sem corpo presente - Edwards continua mais desaparecido do que Tiger Woods, um santo comparado a ele. O ex-senador não mencionou, mas todo mundo já fez as contas e também sabe que a pequena Francis Quinn, 2 anos no mês que vem, foi concebida quando ainda estava fresca a notícia de que sua mulher, Elizabeth, sofria de recidiva incurável de câncer. Também é do conhecimento geral que Edwards prometeu à amante, Rielle Hunter, 45, que se casaria com ela assim que Elizabeth morresse - e adiantou detalhes da festa. Parece muito? Pois tem mais. No papel de calhorda renomado, Edwards nunca decepcionou.

Jim R. Bounds/AP
CONTA REFEITA
Rielle, com Quinn: também teve verba de campanha


Filho de operário, advogado milionário e muito bem-apanhado (já foi "o político mais sexy" da revista People), Edwards era aposta forte no começo de 2007, quando anunciou que iria disputar a indicação democrata à Presidência. Pouco depois Elizabeth soube da recidiva, mas resolveram ir em frente, como típico power couple, os casais com projetos políticos comuns. Por essa época, apareceu no National Enquirer a notícia do caso de Edwards com Rielle, cinegrafista que trabalhou na campanha. Por ser um tabloide de quinta, não foi levado a sério, mas tanto fez, tanto insistiu, que o caso cresceu. Acuado, em janeiro de 2008 Edwards retirou a candidatura. Em fevereiro, Quinn nasceu. Pouco depois, lá estava o National Enquirer afirmando que a menina era filha do ex-senador. Já escolado na safadeza, Edwards convenceu um assessor casado, Andrew Young, a assumir a paternidade. Durante algum tempo, bancou todo mundo na mesma casa, como num infernal Big Brother: a amante, a filhinha renegada e o assessor obrigado a se passar por pai. Não podia, evidentemente, dar certo. Young voltou atrás e agora, claro, está lançando um livro em que conta tudo. Edwards, entrega, pediu-lhe que providenciasse um teste de paternidade - falso, como nas mais delirantes novelas. Para uso próprio, propôs que roubasse uma fralda do bebê, com a qual faria um DNA de verdade, para ver se era mesmo o pai. Investigado sobre o desvio de dinheiro de campanha para Rielle, Edwards está afastado da política e só fala obrigado pelos fatos, por comunicados. Já o National Enquireravisa, meio de brincadeira, meio a sério, que vai se candidatar ao Pulitzer, o mais importante prêmio de jornalismo do mundo.