quinta-feira, dezembro 24, 2009

Uma tragédia que se repete


Celebrizada pelos papéis de gata adolescente, a atriz Brittany Murphy morre
aos 32 anos – como Michael Jackson, vítima de um coquetel de remédios

Michael Bezjian/Wireimage/Getty Images
CONFUSÃO MENTAL
Brittany Murphy: semanas antes da morte,
demitida de um filme por causa
do comportamento agressivo

A atriz americana Brittany Murphy morreu no domingo 20, de uma parada cardíaca. Estava na mansão onde morava, em Los Angeles, ao lado do marido, o roteirista Simon Monjack,
e da mãe – que a encontrou desacordada debaixo do chuveiro (e em meio a uma poça de vômito). A atriz de As Patricinhas de Beverly Hills (1995) e Sin City (2005) contava apenas
32 anos. Ataques cardíacos são, sim, possíveis nessa idade. Tudo indica, porém, que a tragédia é um remake dos casos de Michael Jackson, morto em junho, e do ator Heath Ledger, morto no ano passado. Eram todos celebridades ansiosas que recorriam a perigosos coquetéis de remédios.

A autópsia de Brittany já afastou a hipótese de assassinato, mas o resultado dos exames toxicológicos só deve sair em algumas semanas. O site de fofocas TMZ (que, como já fizera no caso Michael Jackson, noticiou a morte de Brittany antes de todos) levantou a suspeita de que o abuso de farmacêuticos pesados teria vitimado a atriz. A impressionante com-binação de remédios de tarja preta encontrados no quarto de Brittany confirmaria essa suposição. A lista inclui o analgésico Vicoprofen, opiáceo sintético da mesma família do Demerol, em que Jackson era viciado. O Vicoprofen – que a atriz teria começado a usar depois de se submeter a uma série de cirurgias plásticas (outro sintoma de uma "síndrome Michael Jackson") – causa dependência e pode provocar paradas cardíacas ao diminuir a frequência respiratória do usuário. Além disso, a polícia encontrou em seu quarto frascos dos ansiolíticos Klonopin e Ativan. "Em doses altas, todos eles podem levar a um ataque cardíaco", diz o anestesiologista Irimar de Paula Posso, da Universidade de São Paulo. Para agravar o quadro, a atriz era diabética.

A carreira de Brittany, relativamente sólida nos limites do segundo time de Hollywood, andava sofrendo reveses. Duas semanas antes da morte, ela foi demitida da produção de terror The Caller por causa do comportamento agressivo no set. Já tivera problemas antes, na filmagem de outra fita de horror, Something Wicked: o tempo de seu personagem em cena foi reduzido porque ela não conseguia decorar as falas e revelava confusão mental. Um dos últimos filmes que completou é Os Mercenários, que Sylvester Stallone filmou no Brasil e estreia em 2010.

Fotos Getty Images/Megan Lewis/Reuters
TARJA PRETA
Ledger (à esq.)
e Jackson: talentos
ceifados pela
automedicação