FOLHA DE S. PAULO
SÃO PAULO - Se não estiver em surto de megalomania, o presidente Lula deveria devolver a seu colega Barack Obama aquela brincadeira sobre ser "o cara". Para quem já esqueceu, Obama cumprimentou Lula, durante o G20 de abril, em Londres, apontando-o como o mais popular do mundo.
Não é que, agora, a pesquisa Latinobarómetro mostra que "o cara", o presidente mais popular, pelo menos na América Latina, é Obama, e não Lula? Obama levou nota 7, contra 6,4 do brasileiro.
Para um subcontinente que cansou-se de gritar "yankees, go home", não deixa de ser revelador que os que continuam com tais gritos sejam os últimos da fila, a saber: Daniel Ortega (Nicarágua), com 4,3; Fidel Castro (Cuba), 4; e Hugo Chávez (Venezuela), 3,9.
Parece decorrência natural do fato de que 59% dos consultados acham que a democracia é o melhor dos regimes. O teor de democracia em Cuba é zero, enquanto nos dois outros países do fim da fila ele é bastante turvo.
Parece também que o público não comprou todo o alarido contra a mídia feito por diferentes governos da região e pela própria mídia chapa-branca: rádio, TV e jornais são mais confiáveis do que todas as instituições da política. Perdemos apenas para a igreja, mas ganhamos dos governos, dos governos locais, da administração pública, dos Congressos, dos partidos políticos (aliás, os que menos confiança despertam no público).
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Por falar em megalomania, se Guido Mantega diz que o PIB brasileiro é um "pibão", como devemos tratar o PIB chinês?
Afinal, o PIB do Brasil encolhe ou anda de lado neste ano, ao passo que o da China crescerá 8,5%, pouco mais ou pouco menos.
Aliás, ao contrário da propaganda oficial brasileira, que diz que fomos os primeiros a sair da recessão, a China nem entrou nela.