O GLOBO EDITORIAL,
Fotos publicadas no GLOBO em 2005, de ambulâncias que haviam sido entregues pelo Ministério da Saúde ao Rio para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e, dois meses depois, permaneciam paradas no pátio da Fiocruz; carros para o combate à dengue abandonados num depósito da prefeitura em Campo Grande, onde viraram criadouro de mosquito; e outro flagrante de desperdício de dinheiro público, também registrado pelo jornal, em 2003, com tomógrafos nunca desencaixotados e usados como bancos em hospitais. Estas não são boas imagens da Saúde fluminense, mas tornaram-se as que mais se aproximam da realidade do setor no Estado do Rio.
A melhora dos serviços de saúde é bandeira de qualquer candidato a cargo eletivo, mas a triste constatação é que promessas não costumam sair do terreno das boas intenções ou do proselitismo político. Investimentos ficam pelo meio do caminho, ou sequer saem do papel. O planejamento geralmente não combina com ações, ou sequer há ações que deem curso a previsões de intervenções do poder público. E, mesmo quando há um movimento para superar demandas, nem sempre os resultados atingem as metas.
Como decorrência, o Rio vai mal de saúde. O acesso aos serviços médicos não é feito a partir da atenção básica, pressuposto para não só prevenir doenças, mas também para evitar a sobrecarga de hospitais, desaguadouro quase natural para famílias que, em desespero diante da falta de opções, percorrem as unidades em busca de atendimento.
A quase totalidade destas, por sua vez, não está preparada sequer para dar conta daqueles que seriam os pacientes normais, com déficits de equipamentos e de profissionais.
Não faltam projetos para enfrentar quadro tão desolador. O prefeito Eduardo Paes aposta no programa Saúde da Família para tirar a Saúde da UTI, e o governo do estado procura sanar mazelas com as UPAs.