sábado, outubro 25, 2008

VEJA Carta ao leitor

Planetas diferentes
DAS TREVAS À CIÊNCIA
Camila (à esq.), numa das universidades de Chávez, na Venezuela, e Renata, na Finlândia: duas apostas distintas

A presente edição de VEJA traz duas reportagens que fazem refletir sobre realidades bastante distintas: a das universidades venezuelanas controladas pelo presidente Hugo Chávez e a da maior fabricante de celulares do mundo, a finlandesa Nokia. Na Venezuela, a editora assistente Camila Pereira visitou as "faculdades bolivarianas", criadas por Chávez para se tornar verdadeiras máquinas de lavagem cerebral. Ali, os estudantes recebem lições de ódio ao "capitalismo selvagem" e são formados para servir ao regime chavista. Os professores, por sua vez, precisam seguir à risca a cartilha ideológica do governo venezuelano. Caso contrário, perdem o emprego. "A ideologia é assumida abertamente pelos professores e pela direção das universidades", diz Camila. Eles se orgulham de divulgar na sala de aula uma visão atrasada do mundo. Um velho ideário que se presta a tolher as liberdades individuais e a confinar os estudantes ao obscurantismo intelectual. Sem dúvida, um retrocesso até para um país onde a educação já padece de precariedades históricas.

Na Finlândia, outra repórter de VEJA conheceu o produto final de uma educação primorosa. Nos laboratórios da Nokia, na cidade de Espoo, Renata Betti foi saber como a maior fabricante de telefones celulares do mundo se prepara para o choque do futuro – e não é o das bolsas. Falamos aqui da corrida pela inovação tecnológica que resulta, a cada dia, em aparelhos com mais recursos, menores e mais baratos. Na sede da empresa, Renata conversou com cientistas que estão sob pressão da concorrência e têm a obsessão de produzir conhecimento e avançar. Nesse ambiente em que prevalece a competitividade, o amor à inovação contrasta brutalmente com a aposta no atraso das universidades de Chávez. São dois mundos tão distintos que se poderia pensar que as repórteres visitaram planetas diferentes.