sábado, setembro 27, 2008

A volta do coque

Para o alto e avante

O coque volta a fazer cabeças femininas, em versão 
volumosa e meio desarrumada. O de Sarah Palin
subiu, como as pesquisas, mas pode desabar


Bel Moherdaui

Henny Ray/AP
À MODA DO ALASCA
Sarah Palin: cabelo preso e controlado para facilitar os beijos durante a campanha eleitoral


O que as antípodas Amy Winehouse e Sarah Palin têm em comum? Ora, está na cabeça: a elevação capilar no cocuruto, ou o antiqüíssimo coque, um penteado que, de repente, todo mundo voltou, ou vai voltar, a usar. A pioneira foi Amy, a cantora de cabelos ultra-armados (apliques, enchimentos e provavelmente mais coisas do que foram encontradas, post-mortem, na cabeça de Bob Marley), que, apesar de bêbada e drogada, ou por causa disso, já teve seu estilo retrô copiado até na passarela da Chanel. Do oposto do espectro comportamental, a candidata a vice dos republicanos, Sarah, faz sucesso com seu jeito de tia sexy –. além do coque, óculos, franja e um arzinho de quem vai soltar os huskies, ou um míssil nuclear, em quem não se comportar direito. "O nome é french twist. Minha referência foi o clássico penteado de Audrey Hepburn", explicou a VEJA Jessica Steele, criadora do coque Palin e dona do agora universalmente famoso salão Beehive, em Wasilla, cidadezinha de 7 000 habitantes no Alasca. Muitos fashionistas vão se contorcer de pavor diante da comparação. Para acalmá-los, evoque-se o venerado nome de outra Sarah, a Jessica Parker, que apareceu com uma versão comedida do tal penteado. Nos desfiles em Milão, na semana passada, a cantora irlandesa Roisin Murphy sentou na primeira fila da Gucci com toda a sua loirice retorcida na testa e Moschino deixou a modelo Isabeli Fontana ainda mais alta e deslumbrante com um frisado gigante.


Alberto Pellaschiar/AP, Henny Ray/AP, Luca Bruno/AP e Debra L. Rothenberg/StartraksPhoto.com
CADA QUAL COM SEU NINHO
O da cantora Roisin cai na testa, o de Isabeli é frisado e o de Sarah Jessica, comportado

"Sarah precisava de uma coisa fácil e rápida, que pudesse fazer sozinha. Tinha de ser chique e séria e durar o dia inteiro. Além disso, como ela é muito abraçada na campanha, pensamos num penteado que tirasse o cabelo do caminho", conta Jessica, também ela adepta do coque torcido – como, aliás, boa parte da população de Wasilla. O coque de Sarah, cuja altura parece acompanhar sua disparada nas pesquisas (e, se desabar, todo mundo vai perceber), não leva aditivo algum. É só o cabelo dela mesmo, que é longo, ondulado e volumoso, domado com bastante spray, retorcido metade para um lado, metade para o outro e reunido no topo da cabeça. "O coque é o cabelo preso dessa temporada. Pode ter um ar esportivo ou ser muito chique, dependendo de como é preso e da maquiagem que o acompanha", diz o cabeleireiro Celso Kamura, de São Paulo. A título de esclarecimento importante: o coque da temporada tem pouco a ver com o certinho coque banana de Audrey Hepburn, sem um fio fora do lugar; com seu acabamento cuidadosamente desarrumado, está mais para ninho de guacho (um passarinho arquitetonicamente ousado, cuja moradia parece uma poltrona dos irmãos Campana), como o penteado é conhecido, desde sempre, no interior.