sábado, setembro 27, 2008

RADAR

Lauro Jardim 
ljardim@abril.com.br

O dia seguinte em São Paulo


Rodrigo Paiva/AE
Partido dividido
Uma semana decisiva para Alckmin

A grande interrogação dos tucanos hoje é: como será o day after em São Paulo, depois de contados os votos do primeiro turno? Com tanta intriga, guerra de nervos e ódio entre a turma de Geraldo Alckmin e a de José Serra, ninguém é capaz de prever o que acontecerá. Parte acha que tudo se acomodará, independentemente de quem for para o segundo turno. Outra parte avalia que a briga é irreversível. Um "alckmista" resumiu o drama do ex-governador nesta eleição: "Perder, tudo bem. O que não pode numa eleição é sair dela menor do que entrou".

Governo

Caiu a ficha
Lula voltou de Nova York mais preocupado com a crise econômica. Quem conversou com ele nos últimos dias acha que seus pés estão mais no chão.

Lula e os gigantes
A propósito, em Nova York, Lula teve uma reunião reservada com tubarões da economia. No encontro, conversou com gigantes da tecnologia, como Microsoft, Google e Unisys, e com banqueiros que, pelo menos até agora, estão escapando do vendaval da crise, como JP Morgan, Citigroup e Credit Suisse.

Penúltimo capítulo
A comissão interministerial que discute o que fazer com o pré-sal terá a sua última e decisiva reunião na quarta-feira. Ali, será fechada a proposta que chegará às mãos de Lula, para a batida final de martelo. A idéia é que o sigilo seja mantido: discussão pública só depois da eleição.

 

Pecuária

Orlando Brito
Bezerro de ouro
De volta aos leilões


O Exótico do Roriz

Joaquim Roriz reapareceu em grande estilo numa de suas arenas prediletas: os leilões de gado. Arrematou 50% de um bezerro, batizado de Exótico. Pagou exóticos 180 000 reais a Ronaldo Ferreira, dono da Bombril. Ao que parece, com capital próprio: em 2007, Roriz perdeu o mandato de senador por causa de um enrolado empréstimo para comprar uma bezerra de 300 000 reais.

 

Brasil

O pecuarista do ano
Dois meses depois de ser preso na Operação Satiagraha, Carlos Rodenburg virou o "pecuarista do ano" no Pará – título concedido há dez dias pela Federação da Agricultura e Pecuária do estado. Rodenburg, ex-cunhado de Daniel Dantas, administra a Agropecuária Santa Bárbara, controlada pelo banqueiro. A empresa é um gigante em tamanho e em complicações. O tamanho: é dona de 500 000 cabeças de gado e 510 000 hectares de terra (equivalentes a três vezes a cidade de São Paulo). A confusão: na mesma semana em que Rodenburg era proclamado o "pecuarista do ano", a Procuradoria-Geral do Pará entrou na Justiça com uma ação contra a Santa Bárbara. Acusou-a de comprar terras públicas e criar gado numa área em que só é permitida a extração de castanha-do-pará.

Um senhor honorário
O Opportunity está pagando 25 milhões de reais de honorários ao advogado Nélio Machado. É dinheiro à beça, mas justiça se faça a Machado: os rolos da turma não são pequenos. Aliás, na CPI dos Grampos, Daniel Dantas chegou a dizer em seu depoimento: "Eu tenho, às vezes, reclamado aqui com o senhor Nélio Machado que ele coloca honorários que podem ser excessivos".

 

Equador

O quase ministro de Correa
Há uma história curiosa no meio do rolo criado pelo fanfarrão equatoriano Rafael Correa com a Odebrecht. Dois anos atrás, quando venceu as eleições presidenciais, Correa convidou um brasileiro para ser seu ministro, numa Pasta equivalente à de Obras Públicas. E quem era esse brasileiro? Fernando Reis, que há dez anos dirigia as operações da Odebrecht no Equador e com quem Correa mantinha excelentes relações. Reis, 44 anos, recusou o convite e hoje preside uma subsidiária da empresa no Brasil. Nem ele foi capaz de aplacar a fúria de Correa, que embargou os bens da Odebrecht no Equador por causa de problemas na construção de uma hidrelétrica.

 

Gente

De bolso cheio
O craque Kaká é o novo garoto-propaganda mundial da Gatorade. O contrato acaba de ser assinado na Itália.

 

Livros

Pela porta
A venda de livros porta a porta no Brasil cresceu 91% entre 2006 e 2007, segundo uma pesquisa inédita encomendada à Fipe pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros e pela Câmara Brasileira do Livro. É uma conta de gente grande: no total, foram 19 milhões de livros vendidos nesse sistema, a maior parte deles via crediário.

 

Futebol

Bruno Domingos/Reuters
Más companhias
Dunga: influenciado pela comissão técnica

Dunga: até quando?
Até onde revela, Ricardo Teixeira não deve mexer em Dunga até o fim das eliminatórias – exceto, é claro, se o caldo entornar nas duas partidas marcadas para outubro. Mas, em princípio, enquanto o Brasil estiver na zona de classificação, Dunga permanecerá onde está. Nenhuma mudança à vista, então? Calma. Não é bem assim. Aos mais próximos, Teixeira admite que vai mexer na comissão técnica. Por quê? Ele diz que tem gente ali alimentando a cabeça de Dunga com o veneno da intriga. Acha que parte da cara amarrada do técnico pode ser creditada a isso – a outra parte, a ele mesmo.

 

Televisão

Ricardo Benichio
Disputa obsessiva
Raposo: acossado pelo SBT, mas de olho na Globo


Oratória agressiva

O presidente da Record, Alexandre Raposo, é o que se pode chamar de um executivo agressivo – mais ainda quando o assunto é a Globo. De um ano para cá, houve pelo menos dois encontros com diretores da Globo (um casual e outro de negócios) em que ele comprovou esse atributo. Diante de altos executivos da concorrente, Raposo lançou o mesmo discurso desafiador: do nada, entrou no tema audiência e disse a eles que, em breve, a Record os desbancará da liderança e que a longa hegemonia da Globo está com os dias contados. Beleza. Mas, por ora, o desafio da Record é mesmo retomar a vice-liderança de audiência, posto que o SBT voltou a ocupar em agosto.