30/9/2008 |
Seguidor do "bolivarianismo" de Hugo Chávez, o presidente do Equador, Rafael Correa, superou quem o inspira, ao conseguir aprovar domingo, em referendo, a nova Constituição, redigida no figurino nacional-populista defendido pelo caudilho venezuelano. Se o plano de Chávez de aprovar uma nova Carta foi derrotado nas urnas, e outro dos seus seguidores, o boliviano Evo Morales, está sendo forçado a recuar no projeto de impor ao país uma Constituição aprovada por seus correligionários, sem a presença de oposicionistas, e dentro de um quartel, Correa conseguiu avançar. O presidente do Equador aplica com êxito o "kit bolivariano" de tomada do poder e virtual perpetuação nele, usando contra a democracia a mais democrática das armas, o voto. Agora, Correa poderá reeleger-se até 2017. Não apenas isso. Será ele também o responsável pela política monetária, já que o Banco Central perdeu autonomia. O Estado terá grande poder de intervenção, que exercerá certamente com o viés autoritário e xenófobo já demonstrado pelo presidente. Para azar da população equatoriana, pois a guinada que o país dá na contramão da História coincide com o agravamento da crise financeira mundial. Em situação normal, o Equador já enfrentaria dificuldades na atração de investimentos. Na crise, ficará ainda mais isolado no mundo. |