A política discrimina o branco pobre e só serve a uma elite
Este é um debate que se alonga apenas pela insistência com que grupos de pressão atuantes em Brasília — no Executivo e no Congresso — trabalham para inocular na sociedade brasileira conceitos racialistas de classificação dos cidadãos. Se tiverem êxito, implode-se o direito constitucional à igualdade entre os brasileiros, independentemente de raça, credo, ideologia, do que seja. Alguns serão mais iguais do que outros.
A ideologia racialista é importada da sociedade americana, onde houve, com impactos até hoje, práticas racistas efetivas, militantes, incluídas até mesmo em lei em alguns estados. Aquele apartheid gerou movimentos fortes, uns mais radicais e outros menos, que desembocaram nas chamadas ações afirmativas, em que se destacaram as cotas no ensino a favor dos negros.
A experiência brasileira é outra.
O apartheid é econômico-social — o que não significa dizer que não exista discriminação ou racismo. Porém, jamais nas dimensões americanas, e nem determinantes da posição social do negro, índio ou “pardo”. O negro tem pouco acesso à educação e ao mercado de trabalho não por ser negro, mas por ser pobre.
A dívida histórica da sociedade brasileira, então, não é com negros, índios, caboclos, cafuzos etc., mas com os marginalizados, deixados sem acesso a serviços públicos básicos de qualidade, entre eles a educação.
Uma política que melhore a educação pública de base, garantindolhe uma qualidade que rivalize com o ensino particular — como já foi em parte do século passado — ajudará negro, pardo e índio sem paternalismo.
Eles passarão a ter oportunidade igual à dos filhos de classes mais abastadas de cursar o nível superior e disputar espaços no mercado de trabalho. Isso sem se discriminar o branco pobre, deixado de lado pelos racialistas.
As cotas, além de todos os problemas colaterais que provocam — tensões nas escolas etc.
—, beneficiam apenas uma elite entre os que se propõem a ajudar.
Então, sequer são democráticas.