VIVEM na cidade de Tailândia, nordeste do Pará, 67 mil pessoas. Muitas participaram de uma revolta contra fiscais do Ibama e da Secretaria de Meio Ambiente do Estado e em defesa de cerca de 160 madeireiras, a maioria ilegais. Incitadas por seus patrões e pelo receio de perderem o emprego, saíram às ruas para protestar.
Protestar é uma coisa; agredir policiais com paus e pedras, outra. Agiu de modo correto a Polícia Militar paraense ao reprimir o protesto. Essas pessoas empregaram meios violentos para apoiar outra ilegalidade: a extração predatória e o comércio ilegal de madeira, realizados sem licença de órgãos ambientais.
Já foram dizimados em torno de 60% da cobertura florestal do município, que tem 19 anos de existência. É patente que isso só foi possível com a prolongada omissão das autoridades federais e estaduais. Ainda que tardia, sua intervenção para pôr fim aos crimes ambientais não pode ser vista como injustificada.
Houve apreensão de estimados 13 mil m3 de madeira, mas seu transporte terminou adiado pelo conflito. Cerca de 900 viagens de carretas seriam necessárias para carregar esse volume. Cabe ao poder público dar todo o apoio logístico e policial para restaurar a ordem pública, sob pena de sair desmoralizado.
A presença do Estado, no entanto, não deveria resumir-se a deslocar duas centenas de soldados da tropa de intervenção de Belém. Os donos de serrarias têm sua dose de razão ao argumentar que o poder público incita à ilegalidade, de modo indireto, ao procrastinar a concessão de licenças ambientais.
Há 57 pedidos de madeireiras em tramitação (22 operam legalmente). Seis carvoarias estão autorizadas, mas 40 esperam definição. Quanto antes eles foram aceitos ou negados, menor será a chance de novo conflito.